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Mercado do boi gordo: oferta de fêmeas e suporte de pastagens mexem nas cotações

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Os preços no mercado do boi gordo reagiram na primeira quinzena de abril. No acumulado do ano, porém, o gráfico ainda mostra uma queda de 5,3% (até 25 de abril).

Um dos fatores que explicam esse movimento é o fato de estarmos em um período caracterizado pela oferta de bovinos provenientes das pastagens e pelo aumento da participação de fêmeas no abate, devido ao descarte após a estação de monta.

Segundo o MAPA, considerando os abates SIF, o primeiro trimestre de 2024 registrou participações maiores frente às observadas em 2023, momento em que o descarte de fêmeas já estava alto.

Figura 1.
Abates, em milhões de cabeças, em janeiro, fevereiro e março, nos últimos 3 anos. 

Fonte: MAPA / Elaborado por Scot Consultoria

Na segunda quinzena de março, a oferta de fêmeas destinadas ao abate diminuiu e, com os volumes satisfatórios de chuvas no Brasil Central, que melhoraram as condições das pastagens, houve retração por parte dos pecuaristas na oferta de gado.

Em São Paulo, até 25/04/24, o boi comum está sendo negociado a R$ 232,00/@, a vaca a R$ 205,00/@ e a novilha a R$ 220,00/@, preços brutos e a prazo.

Figura 2.
Comportamento de preços da arroba do boi gordo no primeiro quadrimestre de 2024, média mensal, a prazo, descontados os impostos, em São Paulo.

*até 25/04. Fonte: Scot Consultoria

Impacto da condição das pastagens na arroba do boi gordo

A condição das pastagens tem proporcionado aos pecuaristas a possibilidade de reter suas boiadas e, desse modo, cadenciar a oferta, trazendo uma tendência de alta para a arroba.

No panorama atual, embora a arroba do boi gordo tenha registrado queda, há uma oportunidade potencial de investimento na reposição em certas áreas pecuárias, especialmente para categorias de reposição mais jovens. 

A quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para a aquisição de um bezerro desmamado está aumentando em várias praças (figura 3), com exceção da Bahia, Mato Grosso e Pará.

Figura 3.
Relação de troca: quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para a compra de um bezerro de desmama. Data de referência: 25/04/24.

Fonte: Scot Consultoria.

Figura 4.
Relação de troca: quantidade de arrobas de boi gordo necessárias para a compra de um boi magro. Data de referência: 25/04/24.

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Fonte: Scot Consultoria

Em Minas Gerais, Goiás, Bahia e Pará, para a troca com o boi magro, o cenário foi semelhante (figura 4). É evidente que há uma queda no poder de compra, destacando a necessidade de uma gestão precisa dos custos para garantir negociações favoráveis a curto prazo. 

No mercado de reposição, considerando o cenário de fêmeas que estiveram em reprodução entre 2021 e 2022, e o baixo investimento na cria nos últimos anos, através de indicativos como Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e diminuição do volume de vendas de doses de sêmen, esperamos um período de menor oferta de bezerros desmamados em 2025. Em 2024, por outro lado, com destaque ao primeiro semestre, devemos seguir com uma considerável oferta de bovinos para reposição.

É importante destacar que a queda do poder de compra do pecuarista foi observada na maioria das regiões no mês de abril, exigindo a adoção de estratégias para curto e longo prazo.

Diante dessas circunstâncias, destacam-se os seguintes pontos:

  • Pecuaristas sem reservas financeiras e com pastagens degradadas devem considerar a redução do rebanho;
  • Se o pecuarista possui pastagens de qualidade, mesmo sem reservas, pode optar por engordar os bovinos para obter maior retorno financeiro;
  • Em casos em que há reservas financeiras, mas pastagens inadequadas, o investimento na melhoria dessas áreas é recomendado para aumentar a produtividade no futuro;
  • Quando há reservas financeiras e pastagens em boas condições, há a oportunidade de expandir o rebanho.

Nesses cenários, a qualidade das pastagens é de grande importância para o sucesso da fazenda. O controle de plantas daninhas, com o suporte de produtos como os da Linha Pastagem da Corteva Agriscience, pode aumentar a produtividade do capim ao reduzir a competição por recursos ambientais.

Expectativas para o mercado do boi gordo

A oferta de boiadas está comedida e, para manter as escalas de abate, os compradores têm mantido os preços firmes, com negócios acima da referência ocorrendo esporadicamente.

À medida que o outono avança, é esperada uma pressão no mercado do boi gordo. Historicamente, nos meses de maio e junho, com a chegada dos bovinos da entressafra de capim, ocorre sobreoferta de boiadas e queda nos preços.

No curto prazo, com o avanço do outono e o término da Safra de capim no Brasil Central, os preços devem permanecer pressionados. 

Em Barretos-SP, a arroba do boi gordo foi cotada a R$ 232,00 (preço bruto e a prazo) em 25/04, de acordo com o levantamento da Scot Consultoria. Na B3, os contratos futuros indicam uma arroba de R$ 248,30 em outubro de 2024 no estado.

A rentabilidade do setor apresenta sinais positivos, impulsionada pela queda nos custos de insumos como soja e milho, além das perspectivas de preços futuros favoráveis. Essa tendência abre a possibilidade para um aumento no volume de bovinos confinados, o que, por sua vez, pode resultar em uma maior oferta de carne bovina até julho.

No entanto, há incertezas quanto ao consumo doméstico. O escoamento da carne ainda enfrenta desafios, com compras pontuais e uma demanda irregular. Se não houver um aumento significativo no consumo quando a oferta de bovinos provenientes de pastos secos chegar ao mercado, existe o risco de uma queda semelhante à registrada em agosto/setembro do ano anterior, quando o consumo fraco e o recorde de abates resultaram em uma pressão de baixa sobre os preços.

Fonte: https://www.pastoextraordinario.com.br/mercado-do-boi-gordo-oferta-de-femeas-impactam-cotacoes.html