O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado hoje (15/10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas deve totalizar 295,1 milhões de toneladas em 2024.
Trata-se de um valor 6,4% ou 20,2 milhões de toneladas menor do que a safra obtida em 2023 (315,4 milhões de toneladas). Na comparação com agosto, a estimativa registrou queda de 0,4%, com decréscimo de 1,2 milhão de toneladas.
A área a ser colhida este ano deve ser de 78,7 milhões de hectares, o que representa um crescimento de 1,1% (817,3 mil hectares a mais) em relação à área colhida em 2023. Frente ao mês anterior, a área a ser colhida apresentou uma expansão de 101,3 mil hectares (0,1%).
“Em comparação ao que vimos no ano passado, a safra de 2024 tem mostrado grandes perdas na safra de verão e na segunda safra. Os períodos de seca prolongaram-se e afetaram fortemente a produção em diversos estados, principalmente em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Paraná. Além disso, no Rio Grande do Sul a colheita não aconteceu do jeito que se esperava, pois as enchentes que atingiram o estado em abril e maio deste ano prejudicaram a safra”, destaca o gerente do LSPA, Carlos Barradas. Ele lembra que, mesmo assim, a produção gaúcha apresenta crescimento em relação a 2023.
Os principais destaques negativos da safra 2024 em relação a 2023 são as estimativas da produção de milho e soja. O milho, a soja e o arroz representam 92,1% da estimativa da produção e são responsáveis por 87,2% da área colhida. Na comparação com 2023, houve aumentos na produção estimada do algodão herbáceo em caroço (14,2%), do arroz (2,4%), do feijão (5,5%) e do trigo (9,0%). Por outro lado, soja (-4,9%), milho (-11,0%, sendo -17,4% no milho de 1ª safra e -9,3% no milho de 2ª safra) e sorgo (-8,7%) recuaram.
Ainda frente a 2023, mas no que se refere à área a ser colhida, ocorreu crescimento de 15,6% na do algodão herbáceo (em caroço), de 5,4% na do arroz em casca, de 6,6% na do feijão e de 3,3% na da soja. As áreas de milho (-3,3%, sendo -9,3% no milho 1ª safra e -1,4% no milho 2ª safra), de trigo (-11,9%) e de sorgo (-2,2%) apresentaram quedas.
A estimativa da produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de setembro mostrou variação anual positiva somente para a Região Norte (12,5%). Sul (-0,7%), Centro-Oeste (-9,9%), Sudeste (-15,8%) e Nordeste (-3,8%) registraram índices negativos. Quanto à variação mensal, apresentaram aumentos o Norte (0,4%), o Nordeste (0,3%) e o Centro-Oeste (0,4%). Sudeste (-4,6%) e Sul (-0,9%) tiveram reduções.
Em relação a agosto, os principais aumentos nas estimativas de produção ficaram por conta da batata 2ª safra (11,3% ou 152 109 t), do sorgo (2,9% ou 111 874 t), do algodão herbáceo – em caroço (2,7% ou 230 351 t), da batata 3ª safra (2,6% ou 29 944 t), do feijão 3ª safra (1,0% ou 8 047 t), do feijão 2ª safra (0,9% ou 13 102 t), do milho 2ª safra (0,1% ou 96 150 t) e da batata 1ª safra (0,0% ou 68 t).
No sentido oposto, houve quedas nas estimativas da produção da laranja (-13,0% ou -1 963 109 t), da cevada (-8,1% ou -37 814 t), do trigo (-6,1% ou -553 632 t), do café canephora (-4,7% ou -49 953 t), da cana-de-açúcar (-2,1% ou -15 004 711 t), da aveia (-1,7% ou -21 229 t), do tomate (-1,6% ou -70 662 t), da uva (-1,4% ou -20 122 t), do feijão 1ª safra (-1,3% ou -12 448 t), da soja (-0,5% ou -777 186 t), do milho 1ª safra (-0,4% ou -84 346 t) e do café arábica (-0,2% ou -5 358 t).
“A produção de algodão herbáceo (em caroço) estabeleceu novo recorde histórico em setembro, com uma estimativa de 8,8 milhões de toneladas. Isso representa um aumento de 2,7% na comparação com os dados de agosto”, acrescenta Carlos.
Com 31,1% de participação, Mato Grosso lidera a produção nacional de grãos
Mato Grosso lidera como o maior produtor nacional de grãos, com participação de 31,1%, seguido por Paraná (12,8%), Rio Grande do Sul (12,0%), Goiás (10,6%), Mato Grosso do Sul (7,2%) e Minas Gerais (5,6%), que, somados, representaram 79,3% do total. Com relação às participações das regiões brasileiras, o panorama é o seguinte: Centro-Oeste (49,2%), Sul (26,9%), Nordeste (8,8%), Sudeste (8,7%) e Norte (6,4%).
As principais variações positivas nas estimativas da produção, em relação ao mês anterior, ocorreram no Mato Grosso (617 212 t), no Maranhão (118 911 t), em Rondônia (110 316 t), no Amazonas (28 735 t) e no Rio Grande do Sul (25 117 t). Já as principais variações negativas foram observadas em São Paulo (-1 245 142 t), no Paraná (-768 400 t), em Tocantins (-54 624 t), no Ceará (-27 199 t), na Bahia (-6 725 t), em Pernambuco (-6 616 t), em Minas Gerais (-4 072 t), no Acre (-3 566 t), em Alagoas (-1 857 t), no Rio Grande do Norte (-948 t), no Espírito Santo (-717 t), no Amapá (-657 t) e no Rio de Janeiro (-1 t).
Informações: Agência IBGE