Os preços da arroba do boi gordo subiram Brasil afora no nas primeiras duas semanas de janeiro/25, com destaque para os últimos dias. “O escoamento da produção durante o fim do ano foi acima da expectativa da indústria, e a necessidade por boiadas para composição das escalas aumentou desde o início do ano”, justifica o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria.
Do lado vendedor, diz ele, a pressão para a venda está menor, com chuvas mais regulares e pastagens com boas condições. “Com isso, há possibilidade de o pecuarista cadenciar a venda de boiadas terminadas”, ressalta Fabbri.
Em relação às fêmeas, que participam dos abates de modo mais consistente no primeiro semestre do ano, há estímulo por parte do mercado de reposição para o repasse de vacas que não emprenharam ao longo da estação de monta, observa o zootecnista.
Segundo os dados da Scot, apurados nesta sexta-feira (10/1), os negócios envolvendo o boi gordo estão apregoados no mercado de São Paulo em R$ 327/@, enquanto o “boi-China” vale R$ 322/@, valores brutos e a prazo.
Os analistas da Agrifatto dividem da mesma opinião. “As primeiras semanas de 2025 parecem ter afastado, temporariamente, a tendência de queda, trazendo novamente estabilidade ao mercado”, afirma a consultoria, que acrescenta: “Observa-se uma recuperação gradual dos preços em comparação com dezembro/24, com um ligeiro aumento observado nas primeiras semanas de janeiro”.
Segundo a Agrifatto, isso sugere que, inicialmente, a virada de ciclo está contribuindo para a manutenção dos preços, já que os valores dos animais de reposição continuam robustos e mostram tendência de contínuas elevações.
Nesta sexta-feira, pelos dados da Agrifatto, no mercado paulista, tanto o boi “comum” quanto o animal com padrão-exportação (“boi-China) valem R$ 330/@ – ou seja, não há ágio para o animal enviado ao exterior na comparação com o preço do boi destinado ao mercado doméstico.
Nas demais 16 regiões monitoradas pela Agrifatto, a média de preço do boi gordo segue estável. em R$ 300,30/@. “Pelo segundo dia consecutivo, as 17 praças acompanhadas mantiveram suas cotações estáveis”, reforça a Agrifatto.
Ponto de atenção
Passadas as duas primeiras semanas de janeiro/25, as atenções agora se voltam para o comportamento do varejo (da carne bovina) no restante do mês, que promete ser “desafiador”, avaliam os analistas da Agrifatto e da Scot.
Do lado da demanda, há pontos de atenção, diz Fabbri. “No mercado interno, após a bonança provida pelas festividades de fim de ano e maior injeção de capital no mercado (décimo terceiro salário, bônus etc.), esperamos maior morosidade para as vendas de carne, o que poderá pesar”, prevê o analista.
Na visão da Agrifatto, a situação financeira dos consumidores está apertada. “O salário já foi gasto, o vale mensal ainda não chegou, os impostos e despesas como IPTU, IPVA, material escolar e faturas de cartão de crédito estão para vencer”, ressalta a consultoria.
Além disso, continua a Agrifatto, a Receita Federal, intensificando a busca minuciosa por inconsistências, deixa o contribuinte apreensivo com a potencial sobrecarga tributária. “No jargão popular, ‘daqui por diante vai ser punk’”, observam os analistas da Agrifatto.
Na mão das exportações
No mercado externo, em dezembro/24, o Brasil exportou 202,0 mil toneladas de carne bovina in natura – foi o menor volume embarcado no segundo semestre do ano passado, mas o segundo maior volume para um mês de dezembro na história – atrás, apenas, de dezembro/23
Segundo expectativa de Felipe Fabbri, o ritmo da demanda externa, nos próximos dias, somado a uma oferta mais cadenciada, deverá ser o direcionador dos preços da arroba do boi gordo em curto prazo.
“Se seguir bom (o desempenho dos embarques brasileiros) – com um dólar acima de R$ 6 –, a tendência é de preços firmes para o boi gordo”, aposta o analista da Scot.
Por: Portal DBO