Segundo dados e um levantamento realizado pelo IBGE, a safra de grãos para 2025 deve obter números expressivos, podendo chegar a 29,9 milhões de tonelada a mais que a de 2024, um aumento de 10,2%, com destaque para os cultivos da soja (15,4% ou 22.347.519 t), para o milho 1ª safra (9,3% ou 2.124.233t), para o milho 2ª safra (4,1% ou 3.736.047 t).
Com uma projeção desta super safra, o estado encara uma preocupação que ronda os produtores há algum tempo: a estocagem dos grãos produzidos. Este problema se estende a outras regiões do país. Em todo o território nacional, a capacidade de estocagem gira em torno dos 222,3 milhões de toneladas, 5,4% de crescimento, mas que representa 52,9% da capacidade útil total, é o que aponta levantamento realizado no final do segundo semestre de 2024 pelo IBGE. O Centro-Oeste do país possui 5,5% deste volume, o que gera uma defasagem gigante nesta etapa da produção que pode acarretar prejuízos aos produtores que precisam improvisar e buscar outras soluções para contornar o problema.
Mato Grosso do Sul.
Na safra 2024, o estado conseguiu armazenar apenas 57% da produção total (soja e milho), uma capacidade de 14,775 milhões de toneladas. De acordo com estes números, o déficit de armazenagem no MS gira em torno de 11,20 milhões de toneladas, capacidade que hoje teria que ser de 25,98 milhões de toneladas.
“Por conta do déficit de armazenagem, muitos produtores optam pelo armazenamento em silo bolsa, o qual se torna uma alternativa de armazenamento temporária ou emergencial. O ideal seria que cada produtor tivesse seu próprio armazém, no entanto, a viabilidade financeira desse investimento depende do volume de produção de cada propriedade”, comenta Flavio Aguena, engenheiro agrônomo da Aprosoja/MS. Ele revela que estudos mostram que armazéns com capacidade de 150 mil sacas tendem a ser mais viáveis financeiramente do que aqueles com capacidade menor.
“Outra alternativa seria a construção de armazéns em conjunto com outros produtores (condomínios rurais), isso pode ser uma solução para pequenos agricultores, permitindo compartilhar custos e aumentar a capacidade de armazenamento”, completa Flavio.
Com a economia abalada por conta do dólar alto e taxa de juros em seu maior patamar nos últimos 8 anos, essas construções se tornam inviáveis ao produtor, já que ele precisa recorrer a financiamentos para construção de silos de armazenamento, investimento alto que pode se tornar um grande problema, pois uma quebra de safra atrapalha financeiramente toda a cadeia produtiva.
Por: Henrique Theotônio
Informações: IBGE/Aprosoja-MS
Imagens: Arquivo Rural