
A semana e o mês vão se encerrando com um impacto – embora já esperado – considerável das novas tarifas pelos EUA sobre México, Canadá e China confirmadas pela Casa Branca na tarde desta sexta-feira (31) sobre o mercado de soja, derivados e grãos na Bolsa de Chicago. As novas taxas – de 25% para Canadá e México e de 10% para a China – valem já a partir deste sábado, dia 1º de fevereiro.
Como explicou o gestor de risco e analista de soja da Amius, Vitor Martins, as altas de mais de 2% entre os futuros do óleo de soja vieram no reflexo da tarifação sobre o Canadá, pelo óleo de canola, fazendo com que a demanda por óleos vegetais seja maior nos EUA, enquanto as baixas do milho vieram reagindo às taxas impostas sobre o México, um dos maiores compradores do cereal norte-americano.
“Nesta tarde tivemos uma reviravolta que estendeu as tarifas para outros players ainda mais importantes do que México e Canadá, como a China, por exemplo”, disse. Todavia, como o mercado já vinha especulando sobre isso, a soja conseguiu concluir os negócios da última sessão desta semana com estabilidade, registrando apenas variações moderadas entre altas e baixas, mantendo seguros, ao menos por enquanto, patamares importantes de preços. O contrato março fechou a US$ 10,42, enquanto o maio foi a US$ 10,57 e o julho a US$ 10,72 por bushel.

Conhecido este cenário, o mercado agora passa a monitorar o comportamento da demanda chinesa, em especial depois do período do feriado do Ano Novo Lunar, ao passo em que vai acompanhar também como a oferta da safra 2024/25 vai se concluir, atento aos campos brasileiros e argentinos se encaminhando para suas fases de conclusão. “Eu acredito que os drivers de oferta serão muito mais importantes a partir de agora”, afirma Martins.
Neste ambiente, o mercado da soja teve uma semana de comercialização muito travada. Ainda de acordo com o especialista, além das preocupações com o clima e a conclusão das lavouras, bem como com o atraso da colheita, há ainda uma atenção redobrada dos produtores com a baixa qualidade da soja que vêm retirando dos campos, principalmente das áreas onde há excesso de umidade.
“Tenho aqui nos meus registros cerca de 30% de soja comercializada 2024/25”, traz o analista, lembrando que este número ainda reflete uma safra próxima dos 170 milhões de toneladas e que pode ir mudando na medida em que os números forem se ajustando, refletindo às realidades do campo sofrendo com o clima em pontos importantes do país. “O próximo relatório do USDA, que vem no dia 8 de fevereiro, vai ser muito importante para já trazer dados mais concretos sobre a safra brasileira, fora toda a narrativa das diferenças entre os números do USDA e da Conab”.
Por: Notícias Agrícolas