Governo erra na estratégia para conter alta dos alimentos que desestimula a produção rural brasileira

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As medidas anunciadas pelo governo federal para conter a alta dos preços dos alimentos foram classificadas como ineficazes pelo economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. “O pacote do governo não funciona e não vai ajudar a conter a inflação dos alimentos. Se tivesse sido feito um ajuste fiscal adequado no fim do ano passado, estaríamos com o câmbio mais baixo e um cenário inflacionário menos preocupante”, afirmou Vale.

Oferta e inflação natural dos alimentos

O economista também ressaltou que o governo deveria aguardar os efeitos da atual safra, que deve ser recorde, reduzindo naturalmente os preços no segundo semestre. “O impacto da safra ao longo da curva de preços levará a uma desaceleração. Isso resultaria em uma inflação menor do que a do ano passado”, explicou.

Estoque regulador e incentivos

Entre as medidas criticadas está a retomada do estoque regulador de alimentos, que, segundo Vale, já se mostrou ineficaz no passado. “Isso não funcionou antes e foi desfeito porque não ajudava a população mais pobre”, afirmou.

Ele também questionou a retirada de recursos para incentivar a produção de itens da cesta básica. “Tirar de um lado para colocar no outro pode gerar distorções e falta de crédito para setores importantes”, alertou.

As medidas anunciada pelo governo receberam criticas de muitas entidade do setor produtivo. Soluções paliativas que não corrigem profundamente os gargalos da produção agropecuária e terão efeitos negativos no médio e longo prazo. É assim que a Sociedade Rural Brasileira (SRB) definiu o pacote de medidas anunciado pelo Governo Federal nesta quinta-feira (6) a fim de conter a alta dos preços dos alimentos.

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo (Abramilho), Paulo Bertolini, disse que as medidas tomadas pelo governo federal para tentar frear os preços dos alimentos apresentam problemas de diagnóstico.

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Inócua! Essa é a opinião do 2º vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira, sobre as medidas anunciadas ontem (6) pelo governo federal para tentar diminuir os preços dos alimentos.

Soluções paliativas que não corrigem profundamente os gargalos da produção agropecuária e terão efeitos negativos no médio e longo prazo. É assim que a Sociedade Rural Brasileira (SRB) definiu o pacote de medidas anunciado pelo Governo Federal nesta quinta-feira (6) a fim de conter a alta dos preços dos alimentos.

Para a entidade, a produção interna é suficiente para o abastecimento do país e, portanto, a redução das tarifas de importação é ineficaz.

“Não temos problemas com a oferta de produtos. O Brasil é um dos maiores e mais competitivos produtores de grãos e proteínas do mundo. Portanto, mesmo com alíquota zero, dificilmente os produtos importados chegarão a preços inferiores aos praticados internamente”, diz a nota.

‘Produtor rural não é o culpado’

A SRB ressalta que o produtor rural brasileiro não é o culpado pelo aumento dos preços dos alimentos. “Entre ele e o consumidor final há uma longa cadeia de intermediários – como tradings, indústrias, distribuição e varejo -, que agregam custos significativos aos alimentos.”

Apesar disso, na visão da entidade, o produtor rural será o maior prejudicado pela isenção de tarifas de importação, uma vez que essa medida desestimula a produção nacional e afeta diretamente a sua rentabilidade.

“O verdadeiro problema está no alto custo de produção, influenciado pelo aumento nos preços de insumos, energia, mão de obra e transporte, que incide em toda cadeia de alimentos. Também no ‘Custo Brasil’, que representa um dos principais entraves ao crescimento econômico do país, englobando problemas estruturais, burocráticos, trabalhistas e tributários que impactam diretamente a competitividade nacional”, diz trecho da nota.

Fortalecimento da produção nacional

A Sociedade Rural Brasileira destaca, ainda, que diferentemente de importar alimentos, é preciso fortalecer a capacidade produtiva do país, garantindo crédito acessível para a safra 2025/26, com taxas de juros adequadas e recursos suficientes para que os produtores possam manter sua produção com competitividade.

A nota também prega por maior controle fiscal para reduzir a inflação e os juros, além de políticas de incentivo ao crédito rural e à redução dos custos de produção, bem como investimentos em infraestrutura logística.

Por: Canal Rural