Inflação pesa no campo: IPCA de abril pressiona custos e afeta rentabilidade de produtores rurais

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou abril de 2025 com alta de 0,43%, influenciado principalmente pelos alimentos. O dado, divulgado pela CNA, acende um alerta no setor agropecuário, que já sente os efeitos da inflação nos custos de produção, ao mesmo tempo em que lida com quedas de preços em importantes culturas, como feijão e arroz.

De acordo com o levantamento, o grupo Alimentação e Bebidas subiu 0,82% no mês, com destaque para itens como batata-inglesa (+18,29%), tomate (+14,32%) e café moído (+4,48%). Já entre os produtos com queda de preços estão a cenoura (-10,4%), mamão (-5,96%), feijão-preto (-5,45%) e arroz (-4,19%).

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Cenários distintos entre hortifrútis e grãos

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A disparada nos preços da batata e do tomate decorre de fatores sazonais, como o fim da safra de verão e a lenta entrada da safra de inverno. Já o café segue valorizado pela entressafra e pela menor oferta global, impactando positivamente o faturamento dos produtores exportadores.

Por outro lado, a intensificação da colheita da primeira safra de feijão no Paraná e o avanço da colheita do arroz no Rio Grande do Sul elevaram a oferta e pressionaram as cotações para baixo. A queda nos preços, somada a estoques elevados e à dificuldade de negociação, tem reduzido as margens dos produtores.

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Impacto direto no crédito rural

Outro ponto de atenção é a elevação da taxa Selic para 14,75% na semana passada. A alta dos juros preocupa especialmente os produtores que dependem de financiamento para custeio e investimento, justamente no momento de definição do Plano Safra 2025/26. Segundo a CNA, esse cenário tende a encarecer o crédito e exigir maior volume de recursos para equalização das taxas.

Custos nas granjas seguem sendo elevados

Custos seguem apertados no setor avícola e leiteiro

O frango em pedaços teve aumento de 1,90% no IPCA de abril, reflexo da demanda firme frente às demais proteínas. Já o leite longa vida subiu 1,71%, pressionado pelo início da entressafra e pela disputa entre laticínios por matéria-prima. O cenário deve se manter desafiador para os produtores, que enfrentam custos elevados mesmo com o recuo recente do milho, um dos principais insumos da ração animal.

Inflação acumulada já ultrapassa teto da meta

Com o IPCA acumulando alta de 5,53% nos últimos 12 meses, o índice já supera o teto da meta de inflação para o ano, que é de 4,5%. Isso reforça a tendência de manutenção de juros elevados por mais tempo, o que pode frear o consumo interno e comprometer a rentabilidade no campo.

Com oscilações de preços, custo elevado de financiamento e incertezas climáticas, o produtor rural segue exigindo estratégias de gestão e apoio institucional para atravessar o restante do ano com equilíbrio financeiro e capacidade produtiva.

Por: CNA