Frio intenso atinge MS com geadas, prejuízos no campo e alerta à pecuária

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A onda de frio que atingiu Mato Grosso do Sul nesta semana provocou geadas em diversas regiões, principalmente no sul do estado, com temperaturas próximas de 3°C e sensação térmica negativa. Os impactos já são sentidos tanto nas lavouras quanto na pecuária, acendendo um alerta em toda a cadeia produtiva do agro sul-mato-grossense.

Segundo o Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), não há previsão de novas geadas nos próximos dias, mas o clima severo já causou prejuízos significativos. De acordo com o Projeto SIGA MS, cerca de 48% das lavouras de milho da segunda safra estão em fase crítica de desenvolvimento e sensíveis à ação do frio. “Desse total, 24% estão no estágio R4, quando o grão ainda está pastoso. Uma geada nesse ponto pode comprometer até 40% do potencial produtivo”, explica Gabriel Balta, coordenador técnico da Aprosoja/MS.

O impacto do frio também afeta outras culturas como feijão, hortaliças e frutíferas tropicais, que apresentam alta sensibilidade às quedas bruscas de temperatura. A analista da Famasul, Lenise Castilho, alerta para os riscos imediatos: queima foliar, redução da área fotossintética e abortamento de grãos são os principais danos identificados.

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Já na pecuária, os efeitos são ainda mais severos e imediatos. A vegetação das pastagens tropicais, como a braquiária, sofre com a geada, perdendo valor nutricional e dificultando a alimentação do rebanho. Em 2024, a Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (IAGRO) já registrou mais de três mil mortes de bovinos por hipotermia em 14 municípios, superando os números do ano passado.

“Além da perda de peso e do estresse térmico, o frio intenso enfraquece o sistema imunológico, principalmente em bezerros, vacas prenhes e animais mais velhos, aumentando o risco de doenças respiratórias”, afirma Diego Guidolin, consultor da Famasul.

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Suinocultores e avicultores também enfrentam desafios. Apesar de contar com estrutura mais tecnificada, o setor exige atenção redobrada com a climatização dos ambientes, ventilação e fornecimento de água. Nas propriedades com menos infraestrutura, a queda de temperatura compromete o desempenho dos animais e aumenta a incidência de doenças, especialmente respiratórias.

Para minimizar os danos, o Sistema Famasul orienta os produtores a reforçarem a suplementação alimentar, oferecerem abrigos e monitorarem sinais clínicos de hipotermia no rebanho. A adoção de boas práticas de manejo, segundo a entidade, é fundamental para manter a produtividade e garantir o bem-estar animal em momentos de adversidade climática.

Nas áreas de milho que já estão em ponto de colheita, os efeitos da geada tendem a ser mais pontuais, afetando a qualidade dos grãos, mas não a produtividade. No entanto, as áreas ainda em desenvolvimento permanecem sob alto risco.

A previsão é de que as temperaturas comecem a subir gradualmente com a chegada da chuva entre quinta-feira (27) e sexta-feira (28), especialmente nas regiões centro-sul do estado. Ainda assim, a Famasul e os sindicatos rurais seguem mobilizados em apoio técnico ao produtor durante este período crítico.

Da redação
Com informações Famasul