
Com 1,29 milhão de toneladas embarcadas e receita de US$ 5,69 bilhões, país reafirma liderança global no setor; Mato Grosso do Sul tem participação expressiva no desempenho nacional
O Brasil registrou, no primeiro semestre de 2024, o melhor desempenho de sua história nas exportações de carne bovina, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Foram 1,297 milhão de toneladas embarcadas, um crescimento de 27,3% em relação ao mesmo período de 2023, gerando US$ 5,69 bilhões em receita, alta de 17%.
Esse crescimento reflete não apenas a consolidação do Brasil como maior exportador mundial do setor, mas também o fortalecimento de estados com forte vocação pecuária — entre eles, Mato Grosso do Sul, que tem se mantido entre os cinco maiores exportadores nacionais de carne bovina in natura.
MS contribui com mais de 10% das exportações nacionais
De janeiro a junho de 2024, Mato Grosso do Sul exportou 137 mil toneladas de carne bovina, segundo levantamento da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), com base nos dados do ComexStat. Isso representa 10,5% das exportações nacionais no segmento. Em receita, o estado acumulou US$ 580 milhões, com crescimento acima de 20% frente ao mesmo período do ano passado.
“O resultado mostra a força da nossa pecuária, que é moderna, tecnificada e conectada com os mercados mais exigentes do mundo. Estamos ampliando nossa presença internacional e, ao mesmo tempo, consolidando práticas sustentáveis na produção”, destacou o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, em entrevista à imprensa local.
Atualmente, o rebanho bovino de Mato Grosso do Sul é estimado em 18,5 milhões de cabeças, o que coloca o estado entre os maiores do país. Municípios como Terenos, Campo Grande, Ribas do Rio Pardo, Corumbá e Nova Andradina estão entre os principais polos exportadores, graças à proximidade com frigoríficos certificados e corredores logísticos eficientes.

Gráfico: Evolução das exportações brasileiras de carne bovina – 1º semestre
| Ano | Volume (t) | Receita (US$ bilhões) |
|---|---|---|
| 2020 | 907.943 | 3,91 |
| 2021 | 875.169 | 4,08 |
| 2022 | 1.059.111 | 6,19 |
| 2023 | 1.019.345 | 4,86 |
| 2024 | 1.297.973 | 5,69 |
Fonte: Abiec / MDIC
China ainda lidera, mas Oriente Médio cresce
A China segue como principal compradora da carne bovina brasileira, com 565 mil toneladas importadas no semestre (crescimento de 10,2%). No entanto, o maior destaque do semestre foi o Oriente Médio, que aumentou sua participação em 238% — especialmente os Emirados Árabes Unidos, que compraram quase 95 mil toneladas e movimentaram US$ 435 milhões.
Além disso, a América do Norte, com foco nos Estados Unidos, aumentou em quase 20% sua demanda, evidenciando a consolidação da confiança sanitária e de qualidade da carne brasileira.
Famasul e o papel da cadeia produtiva sul-mato-grossense
A Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) avalia que o desempenho positivo das exportações reflete os investimentos feitos pelo setor produtivo em genética, rastreabilidade, sanidade animal e integração com a indústria frigorífica.
“Temos um sistema produtivo que alia produtividade e sustentabilidade. A abertura de novos mercados, como os países do Golfo e o sudeste asiático, mostra que o Brasil está pronto para atender aos padrões internacionais com segurança e qualidade”, destacou o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, em recente painel sobre exportações.
A federação tem promovido capacitações, missões comerciais e parcerias com entidades como o SENAR/MS e a Embrapa Gado de Corte, instalada em Campo Grande, para preparar produtores para os desafios do comércio global.
Projeção otimista para o segundo semestre
De acordo com o presidente da Abiec, Antonio Jorge Camardelli, a expectativa é de continuidade do crescimento no segundo semestre de 2024, impulsionado pelas ações do projeto Brazilian Beef, em parceria com a ApexBrasil.
“Estamos em 158 mercados e seguimos trabalhando para ampliar a presença em países estratégicos como Japão, Coreia do Sul, Vietnã e Turquia, que sozinhos representam 25% da demanda global por carne bovina”, afirma Camardelli.
A agenda internacional da carne bovina brasileira inclui missões em feiras, rodadas de negócios e eventos ambientais, com o objetivo de reforçar a imagem de uma pecuária competitiva, sustentável e preparada para novos mercados.
