
O início da safra 2025/26 trouxe desafios para a Raízen, maior produtora global de etanol e açúcar de cana. A companhia, que tem unidades industriais em Caarapó, Costa Rica e Jataí (divisa com o estado), processou 24,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no primeiro trimestre da safra atual, volume 20,7% menor do que o registrado no mesmo período da temporada passada, quando atingiu 30,9 milhões de toneladas.
De acordo com comunicado oficial da empresa, as chuvas acima da média entre abril e junho dificultaram o ritmo da colheita e da moagem em diversas unidades do Centro-Sul, especialmente no Mato Grosso do Sul. O cenário comprometeu a diluição dos custos operacionais e gerou impactos diretos na produção.
Apesar da retração na moagem, a Raízen registrou aumento nas vendas de açúcar próprio, que saltaram de 765 mil para 995 mil toneladas no comparativo trimestral. Já no etanol, houve queda nas vendas: foram 496 mil m³, contra 672 mil m³ no mesmo período da safra passada.
MS sente os efeitos das chuvas e acompanha o setor com atenção
Segundo levantamento do Sistema Famasul, o Mato Grosso do Sul iniciou a safra com moagem acumulada de 13,5 milhões de toneladas até junho, uma retração de 7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados fazem parte do acompanhamento quinzenal realizado pela entidade junto às unidades produtoras do estado.
“Tivemos um abril e um maio muito chuvosos, o que comprometeu os trabalhos de campo e atrasou o planejamento de colheita. As usinas estão tentando compensar com turnos estendidos e ajustes operacionais”, destacou em nota Frederico Azevedo, analista técnico da Famasul.
O estado conta com 21 unidades sucroenergéticas em operação, e a expectativa da entidade é que a moagem total em 2025/26 fique em torno de 52 milhões de toneladas, próxima da safra passada, desde que o clima se normalize nos próximos meses.

Estratégia da Raízen foca embarques ao longo do ano
Apesar do ritmo mais lento na moagem, a Raízen informou que as vendas estão “alinhadas à disponibilidade de produto, à estratégia de embarques ao longo do ano e à fixação de preços”, sinalizando planejamento para o segundo semestre — historicamente mais intenso para o escoamento de açúcar e etanol.
A empresa mantém sua presença estratégica no MS, onde emprega milhares de trabalhadores e movimenta a economia de regiões como Costa Rica e Caarapó, sendo uma das principais indústrias da cadeia bioenergética local.
Por: Henrique Theotônio
