Os celeiros de fartura: Mato Grosso do Sul consolida protagonismo no agro com R$ 42 bilhões gerados em 2024 e exportações em alta

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O agronegócio de Mato Grosso do Sul vive um momento histórico. Em 2024, o estado registrou um Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola de R$ 42,1 bilhões, o maior da série histórica iniciada em 2010, representando cerca de 64% de toda a riqueza gerada pelo setor agropecuário estadual. Os dados, divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), reforçam o peso da agricultura sul-mato-grossense na economia regional e nacional.

Esse protagonismo também se reflete no comércio exterior. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o estado exportou, somente no primeiro semestre de 2025, 3,76 milhões de toneladas de soja e 132 mil toneladas de milho. Juntas, essas commodities geraram aproximadamente US$ 1,5 bilhão em receita cambial, com a China, Bangladesh, Irã, Egito e Argentina como principais destinos.

Para o produtor rural Leôncio de Souza Brito Neto, de Bonito-MS, a rotina no campo é feita de desafios, mas também de orgulho:

“Quando você vê uma safra sendo colhida e o resultado vem sendo bom, é muito gratificante. Quando é o contrário, tem um período de luto ali, mas a gente segue em frente”, afirmou. “O prazer é o dia a dia, é rodar a lavoura, ver o desenvolvimento de uma cultura.”

Expansão acelerada da produção

O avanço da produção agrícola no estado é visível nos números do SIGA-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio), iniciativa da Aprosoja/MS em parceria com o governo estadual. Em uma década, a área plantada com soja aumentou 80%, saltando de 2,5 milhões de hectares em 2014 para 4,5 milhões em 2024. A cultura do milho também expandiu: de 1,7 para 2,1 milhões de hectares.

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Segundo as projeções da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a segunda safra de milho 2025 pode alcançar 10,2 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 20% em relação ao ciclo anterior, mesmo com as oscilações climáticas.

Diversificação e profissionalização

A vocação agroexportadora do estado também é evidente na cadeia da cana-de-açúcar. Com mais de 690 mil hectares plantados, o setor movimentou US$ 139,8 milhões em exportações em 2024, sendo o açúcar bruto responsável por 92% desse valor. Indonésia e Bangladesh lideram a lista de compradores.

Outro segmento em ascensão é a fruticultura, com destaque para os citros. Com 15 mil hectares já plantados, o setor deve dobrar de tamanho nos próximos anos, alavancado pelas condições favoráveis de solo e clima.

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Para Marcelo Bertoni, presidente do Sistema Famasul, a evolução do agro sul-mato-grossense é resultado direto do empenho dos produtores:

“Temos assistido à modernização das propriedades, à diversificação de culturas e à abertura de novas áreas. Esse avanço é resultado do agricultor sul-mato-grossense, que investe em capacitação e tecnologia”, declarou.

Gestão empresarial e foco em resultados

A profissionalização da gestão no campo é apontada como diferencial competitivo por Jorge Michelc, presidente da Aprosoja/MS:

“Nossos produtores tratam suas fazendas como empresas. Investem em pesquisa, genética e sustentabilidade. Isso torna Mato Grosso do Sul mais competitivo dentro e fora do país.”

Esse modelo de gestão, voltado à eficiência e à inovação, fortalece a imagem do estado como um dos pilares da segurança alimentar global.

Gratidão e responsabilidade: o legado do campo

Produtor desde a infância, Leôncio Brito resume o sentimento de muitos colegas de profissão:

“A gente é abençoado porque produz alimento para o mundo. Essa é a nossa missão. Não é fácil, mas é gratificante demais saber que o que colhemos aqui chega a outras partes do planeta. Isso dá sentido a tudo.”

Um estado que alimenta o mundo

Neste 25 de julho, Dia do Agricultor, o Mato Grosso do Sul celebra não apenas os resultados expressivos do setor, mas também as pessoas por trás das cifras — homens e mulheres que fazem da terra sua vocação e da produção de alimentos sua missão.

Por: Caderno Agro/Henrique Theotônio e Amanda Coelho