Economia brasileira segue em compasso de espera, com projeções modestas e gastos públicos elevados

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As últimas projeções do mercado financeiro e do Banco Central mostram um cenário de crescimento econômico contido e inflação persistente acima da meta, ao mesmo tempo em que o câmbio segue pressionado. Os números reforçam a percepção de que o governo federal mantém uma política de gastos elevada, mas sem avanços estruturais capazes de melhorar a confiança dos agentes econômicos.

Segundo o Relatório Focus, a mediana das projeções para o PIB de 2025 recuou para 2,16%, levemente abaixo dos 2,21% de um mês atrás. Para 2026, a expectativa caiu de 1,85% para 1,80%, e para 2027 ficou em 1,90%. A única estabilidade aparece em 2028, com crescimento projetado em 2,0% pelo 79º boletim consecutivo. Mesmo o Banco Central, no Relatório de Política Monetária, revisou de 1,9% para 2,1% a previsão para 2024, mas reconheceu uma “moderação” no ritmo da atividade.

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Do lado da inflação, a perspectiva também preocupa. O Focus mostra que o IPCA de 2025 deve ser de 4,83%, acima do teto da meta de 4,5% — sinal de que a política monetária ainda não surtiu o efeito esperado. Para 2026, a projeção se mantém em 4,30%, e para 2027 recuou levemente a 3,90%. O BC, por sua vez, espera 4,9% em 2025 e 3,6% em 2026, apostando na manutenção da Selic em 15% por período prolongado. A taxa de juros, entretanto, convive com a crítica do setor produtivo, que vê a atividade travada pela combinação de crédito caro e gastos públicos crescentes.

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No câmbio, o mercado projeta o dólar a R$ 5,50 em 2025, ante R$ 5,55 da semana anterior. Para os anos seguintes, a cotação deve permanecer ao redor de R$ 5,60, com leve recuo em 2028, para R$ 5,54. A expectativa de estabilidade elevada reflete a desconfiança em relação à condução fiscal do governo, que mantém despesas acima da média sem sinalizar cortes ou reformas efetivas.

Analistas destacam que, enquanto países emergentes buscam fortalecer seus marcos fiscais e ampliar a competitividade, o Brasil ainda patina em indefinições. O alto gasto público pressiona a inflação, limita espaço para queda dos juros e reforça a percepção de risco, impactando diretamente as projeções de crescimento e a confiança no câmbio.

Por: Amanda Coelho
Com informações: Agência Brasil/Focus Consultoria