
Entre janeiro e agosto de 2025, Mato Grosso do Sul exportou US$ 7,24 bilhões, um aumento de 3,26% em relação ao mesmo período de 2024, segundo a Carta de Conjuntura do Comércio Exterior, elaborada pela Semadesc. No mesmo intervalo, o superávit da balança comercial atingiu US$ 5,53 bilhões, resultado 8,4% superior ao registrado no ano anterior.
A liderança das exportações continua com a celulose (29,9% do total), seguida pela soja em grão (27,2%) e pela carne bovina fresca (15,07%). O destaque ficou por conta da proteína bovina, que apresentou crescimento de 43,7% no acumulado do ano em comparação com 2024, refletindo a capacidade da indústria frigorífica do estado em diversificar destinos e ampliar mercados, mesmo diante das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Mercado da carne em reconfiguração
Apesar do recuo nas exportações para os EUA devido às novas barreiras tarifárias, os embarques totais de carne bovina de MS registraram alta, impulsionados principalmente pela demanda de países asiáticos, como China e Filipinas. Em agosto, a China se destacou como principal destino, com compras de US$ 91 milhões, seguida pelo Chile (US$ 16,4 milhões) e México (US$ 11,8 milhões). Outros mercados relevantes foram Israel, Turquia, Filipinas e Itália.
“As preocupações do setor eram sobre como isso interferiria nas exportações. O resultado foi uma redução de aproximadamente 53% para os EUA, mas países como China, Rússia, Filipinas, Turquia e Israel aumentaram suas compras. O balanço de agosto foi positivo, reforçando a competitividade dos produtos sul-mato-grossenses”, afirma Eliamar Oliveira, consultora de economia do Sistema Famasul.
O presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, reforça que o crescimento das exportações é resultado de estratégias integradas entre produção, tecnologia e logística: “Nosso foco é ampliar mercados e consolidar parcerias internacionais. A diversificação garante que Mato Grosso do Sul não dependa de um único comprador e fortalece toda a cadeia produtiva”, afirma Pereira.

A expectativa do setor segue positiva. Eliamar Oliveira acrescenta: “China aumentou suas compras em 20% e a Indonésia habilitou recentemente 17 novas plantas frigoríficas, sendo duas em MS. Diversificar mercados é fundamental para garantir crescimento sustentável das exportações.”
Ações estratégicas para fortalecer o agro exportador
O Senar/MS atua de forma estratégica para inserir pequenos e médios produtores no mercado internacional, por meio da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Agroindústria e do programa agroBR, da CNA. O acompanhamento vai desde a estruturação da agroindústria, passando por boas práticas de fabricação, desenvolvimento de identidade visual, formalização e definição de estratégias de comercialização.
Além disso, a iniciativa Caminhos da Exportação, em parceria com o agroBR, prepara produtores para atuar no mercado externo, habilitando propriedades, adequando produtos e empresas, definindo preços competitivos e promovendo contato direto com clientes internacionais. O programa já contribuiu para a exportação de fécula de mandioca, tapioca, molhos de pimenta e outros produtos regionais, abrindo novas rotas comerciais e ampliando possibilidades de acesso a mercados internacionais.

O presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, destaca o papel dessas iniciativas: “Capacitar produtores e facilitar a entrada de produtos regionais no mercado externo não só aumenta a receita, mas também fortalece a imagem de MS como polo exportador confiável e inovador.”
Para o presidente da Nelore MS, Paulo Matos, a diversificação de destinos é estratégica para a pecuária: “Mesmo com tarifas e barreiras, conseguimos manter crescimento nas exportações. A abertura de novos mercados e o fortalecimento da cadeia produtiva são essenciais para sustentar o setor no longo prazo.”
Por: Henrique Theotônio e Amanda Coelho
