Santa Gertrudis se consolida como referência em eficiência e ganho de peso na pecuária brasileira

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A raça Santa Gertrudis, conhecida por sua rusticidade e capacidade de ganho de peso, voltou a chamar atenção no cenário da pecuária nacional. Em apenas 28 dias de avaliação, após o período de adaptação, os animais que participam da 2ª Prova de Eficiência Alimentar — realizada no Centro Tecnológico Humberto de Freitas Tavares, na Central Bela Vista, em Botucatu (SP) — superaram em mais de 50% a meta de desempenho prevista pelos pesquisadores.

O grupo, composto por 59 animais (24 fêmeas e 35 machos), teve uma dieta formulada para um ganho médio diário (GMD) de 1,10 kg, mas registrou 1,75 kg/dia. Entre os machos, o desempenho foi ainda mais expressivo: 1,84 kg/dia, com peso médio de 390 kg. As fêmeas alcançaram 1,61 kg/dia, com 327 kg na média.

“Os resultados desta fase intermediária demonstram excelente desempenho da raça Santa Gertrudis, com ganhos acima do esperado e ótimo escore corporal. Isso reforça o potencial de conversão alimentar e a eficiência produtiva dos animais”, afirma Matheus Vargas, supervisor de Produção e Pesquisa da Central Bela Vista.

O superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Santa Gertrudis (ABSG), Arnaldo Amstalden, destaca que os números antecipam um marco histórico. “Superar a meta ainda na metade da prova mostra a força genética e a eficiência da raça. O Santa Gertrudis responde com solidez em sistemas intensivos e extensivos, o que o torna altamente competitivo”, avalia.

Para o vice-presidente da ABSG, Gustavo Barretto, criador no interior de São Paulo, o resultado confirma a evolução genética e a confiança dos selecionadores. “É impressionante ver esse resultado em poucas semanas. Investir na raça é investir em eficiência e retorno econômico — é genética que entrega resultado a campo”, afirma.

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Raça que uniu ciência e produtividade

Criada nos Estados Unidos em 1910, no lendário King Ranch, no Texas, o Santa Gertrudis nasceu do cruzamento entre 5/8 Shorthorn e 3/8 Brahman, combinando precocidade, ganho de peso e rusticidade tropical. No Brasil, os primeiros exemplares chegaram em 1953, trazidos por pioneiros como José de Freitas Tavares, Olavo de Paula Borges e Renato Prata, que apostaram na raça em um período em que a seleção zebuína dominava o cenário nacional.

Hoje, a raça está presente em 14 estados brasileiros, com crescimento contínuo em rebanhos do Centro-Oeste e Nordeste, regiões onde o manejo a pasto exige animais de alta adaptabilidade. Estima-se que existam mais de 25 mil cabeças de Santa Gertrudis registradas no país, com expansão média anual próxima de 7% nos últimos três anos, segundo dados da ABSG.

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Desempenho comparativo e presença no Mato Grosso do Sul

O desempenho da raça chama atenção quando comparado a outras raças taurinas adaptadas. Enquanto o Braford e o Brangus registram ganhos médios diários entre 1,2 e 1,4 kg/dia em provas similares, o Santa Gertrudis alcançou 1,75 kg/dia nesta edição — um avanço que reforça sua competitividade em cruzamentos industriais e programas de melhoramento genético.

Em Mato Grosso do Sul, onde o rebanho bovino ultrapassa 20 milhões de cabeças, o Santa Gertrudis vem ganhando espaço entre criadores que buscam animais com alto rendimento de carcaça e temperamento dócil. Fazendas tradicionais, como a Santa Gertrudis MS, em Três Lagoas, e a Fazenda São Judas Tadeu, em Ribas do Rio Pardo, têm contribuído para difundir a genética no Estado e em leilões nacionais.

“É uma raça que entrega produtividade, mas também facilidade de manejo e adaptação ao clima quente e úmido do Centro-Oeste. Isso é cada vez mais valorizado pelos pecuaristas”, avalia o zootecnista Rogério Coimbra, consultor técnico do setor de melhoramento genético.

Eficiência e futuro promissor

A Prova de Eficiência Alimentar da Central Bela Vista segue até novembro, quando serão avaliados os índices de consumo individual e conversão alimentar. Os resultados finais devem consolidar a raça como uma das mais eficientes em ganho de peso e rendimento de carcaça no país.

Com genética comprovada, presença crescente em feiras e provas zootécnicas e um grupo de criadores que alia tradição e inovação, o Santa Gertrudis reafirma seu espaço entre as raças que moldam o futuro da pecuária de corte brasileira.

Por: Henrique Theotônio com informações da Assessoria de Imprensa/Agro Agência