Do bife ao churrasco: consumo interno de carne bovina impulsiona mercado e sustenta preços, com protagonismo do MS

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O consumo de carne bovina no Brasil dá sinais de retomada e tem ajudado a sustentar as cotações do boi gordo nas principais praças pecuárias do país. De acordo com o último levantamento da Agrifatto, divulgado em 16 de outubro, o preço da arroba segue estável em R$ 315 no mercado paulista, enquanto o chamado “boi-China” é negociado a R$ 310/@, segundo a Scot Consultoria.

Em Mato Grosso do Sul, a arroba manteve tendência de alta moderada, acompanhando o movimento nacional de maior liquidez e oferta ajustada. A consultoria destaca que frigoríficos de pequeno e médio porte — com foco no mercado interno — operam com escalas curtas, o que ajuda a manter os preços firmes.

“O chicote mudou de mãos. Agora são os frigoríficos que atuam de forma defensiva, e a pressão baixista praticamente desapareceu”, destacou o relatório da Agrifatto, publicado nesta semana.

Consumo interno cresce e reforça o mercado doméstico

De acordo com o último balanço da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), o consumo per capita de carne bovina no Brasil atingiu 36,2 kg por habitante em 2024, após dois anos de queda. O número ainda está abaixo da média histórica (de cerca de 40 kg), mas indica uma recuperação impulsionada pela melhora no poder de compra e estabilidade nos preços do varejo.

AnoConsumo (kg/hab)
202039,0
202136,5
202235,0
202334,8
202436,2

Fonte: ABIEC, último levantamento (2024).

O presidente da ABIEC, Antonio Camardelli, afirmou em setembro que o aumento do consumo interno “tem sido essencial para equilibrar o mercado”, diante da leve redução nas exportações no terceiro trimestre.

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“O brasileiro continua sendo o principal consumidor da nossa carne. O mercado interno é o grande amortecedor das oscilações de exportação”, destacou Camardelli.

Produção nacional segue em alta

Segundo o IBGE (Pesquisa Trimestral do Abate de Animais), o Brasil abateu 8,94 milhões de cabeças de bovinos no segundo trimestre de 2025, um aumento de 9,7% em relação ao mesmo período do ano anterior — o maior volume desde 2019.

O crescimento reflete o avanço da produtividade e o bom desempenho do confinamento, favorecido pelo custo menor de grãos em algumas regiões.

Mato Grosso do Sul mantém posição de destaque

Em Mato Grosso do Sul, o último levantamento do MAPA e da FAMASUL mostra que o estado é o terceiro maior produtor de carne bovina do país, com cerca de 10% do abate nacional, atrás apenas de Mato Grosso e Goiás.

A presidente da Comissão de Bovinocultura de Corte da FAMASUL, Luciana Paes de Barros, destacou recentemente que o desempenho reflete investimento em tecnologia e qualidade:
Participação dos Estados no abate nacional (%)

EstadoParticipação
Mato Grosso17,5%
Goiás10,8%
Mato Grosso do Sul10,0%
Minas Gerais9,3%
Pará7,5%

Fonte: IBGE / MAPA / FAMASUL (último levantamento consolidado 2025).

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“O pecuarista sul-mato-grossense vem adotando práticas modernas, com foco em eficiência e sustentabilidade. Isso tem garantido ao estado uma carne de padrão reconhecido no Brasil e no exterior”, afirmou Luciana, durante a última Carta de Conjuntura do Agro da Famasul.

Segundo a Carta de Conjuntura do Comércio Exterior da Semadesc, o setor de carnes respondeu por US$ 2,89 bilhões das exportações do estado entre janeiro e setembro de 2025, representando 35% da pauta exportadora sul-mato-grossense.

Exportações desaceleram, mas mercado interno compensa

Mesmo com o recuo nas exportações após o feriado da Semana Dourada na China, os preços médios da carne brasileira permanecem competitivos. Dados da Agrifatto apontam que os valores médios da carne bovina importada pelo mercado chinês variaram entre US$ 5.500 e US$ 5.600 por tonelada, sem grandes alterações semanais.

Enquanto isso, o mercado atacadista brasileiro registrou leve recuperação de preços no início da segunda quinzena de outubro, impulsionado pelo consumo doméstico.

Abate de bovinos no Brasil (milhões de cabeças)

Ano2º TrimestreVariação (%)
20238,15
20248,55+4,9%
20258,94+9,7%

Fonte: IBGE, Pesquisa Trimestral do Abate de Animais (2025).

Panorama

O cenário mostra que, mesmo com a desaceleração nas exportações para a China, o mercado brasileiro se apoia cada vez mais na força do consumo interno e na eficiência produtiva.
Mato Grosso do Sul segue consolidado como referência em genética, manejo e sustentabilidade, contribuindo de forma decisiva para a imagem de qualidade da carne brasileira no mundo.

Por: Amanda Coelho
Com informações: Agrifatto (Relatório de Mercado 16/10/2025); Scot Consultoria (Boletim Diário de Preços 16/10/2025); ABIEC (Relatório Anual 2024); IBGE (PQA 2025); FAMASUL (Carta de Conjuntura 2025); MAPA (Panorama Pecuário 2025).