Apesar de avanço tímido, economia segue patinando — e é o agro quem sustenta o fôlego do Brasil

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A economia brasileira cresceu apenas 0,1% no terceiro trimestre de 2025, segundo o Monitor do PIB do FGV Ibre. Embora o resultado mantenha o país no campo positivo, o avanço é considerado insuficiente para destravar a atividade econômica — que já acumula expansão de 2,5% em 12 meses, mas com sinais claros de perda de força. No recorte mensal, entre agosto e setembro, o comportamento foi de estabilidade absoluta.

O PIB estimado até o terceiro trimestre chega a R$ 9,37 trilhões, mas especialistas alertam que esse número esconde uma fragilidade estrutural crescente: consumo das famílias estagnado, investimentos em queda e juros ainda sufocando a atividade produtiva.

Consumo travado e investimentos em retração

A coordenadora do estudo, Juliana Trece, explica que os dois motores tradicionais do PIB — serviços e consumo das famílias — ficaram praticamente parados. O consumo, que desde 2021 crescia acima de 3% ao ano, subiu apenas 0,2% frente ao terceiro trimestre de 2024. Bens duráveis e não duráveis recuaram, enquanto os serviços mostraram desaceleração expressiva.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador essencial para medir investimentos e capacidade produtiva, caiu 0,4%, a primeira retração desde janeiro de 2023, puxada pelo enfraquecimento do setor de máquinas e equipamentos.

Juros de 15% continuam asfixiando a economia real

Com a Selic estacionada em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, o efeito defasado da política monetária está atingindo em cheio consumo, crédito e investimento. A inflação segue há 13 meses acima da meta, enquanto empresas e famílias enfrentam financiamentos cada vez mais caros.

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Mesmo atacado, o agro é quem garante o superávit e segura o PIB

Apesar do desempenho fraco dos demais setores, as exportações avançaram 7% na comparação interanual — maior alta desde maio de 2024.
E o destaque, como ocorre ano após ano, vem do setor mais atacado por parte do governo federal: o agronegócio.

Segundo dados do Ministério da Agricultura e da Secex:

  • O agro já responde por 49% de tudo o que o Brasil exportou em 2025;
  • O setor garantiu US$ 109 bilhões em superávit até setembro — sem ele, a balança comercial brasileira estaria no negativo;
  • Produtos como milho, soja, carnes bovina e de frango e celulose puxaram a alta, mesmo com o tarifaço dos EUA.

O crescimento ocorre inclusive diante da taxação americana de até 50% sobre produtos brasileiros. Mesmo assim, segmentos como soja, carne bovina e proteínas processadas conseguiram redirecionar parte das vendas para China, Oriente Médio e Sudeste Asiático, compensando perdas pontuais no mercado norte-americano.

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Para reforçar essa realidade, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) aponta que a renda agropecuária brasileira cresceu 4,1% em 2025, enquanto a indústria tradicional empacou e o varejo teve retração real de 0,3%.

Economistas independentes afirmam que, sem o desempenho do campo, o resultado do PIB teria sido negativo. “O agro tem sido o amortecedor da economia brasileira. Em vários trimestres, é o único setor que impede uma recessão técnica”, afirma o professor Marcos Fava Neves, especialista em agronegócio.

Mesmo com tarifaço e cenário adverso, exportações seguram o país

A própria FGV destaca que o impacto do tarifaço americano foi limitado graças à diversificação de mercados. As vendas da indústria extrativa — onde entram minério e derivados — cresceram e representaram 44% da expansão total das exportações.

O Banco Central confirma essa tendência no IBC-Br: mesmo com quedas mensais, o acumulado de 12 meses ainda mostra crescimento de 3%, muito puxado pela performance externa.

Conclusão: PIB fraco, economia travada — e o Brasil depende do campo

O cenário é claro:

  • consumo estacionado,
  • investimentos em queda,
  • juros altos,
  • inflação persistente,
  • produção industrial limitada.

Enquanto isso, o setor mais criticado — o agro — continua sustentando o PIB, garantindo superávit recorde e impedindo que o Brasil entre de vez em um ciclo recessivo.

Se quiser, Tibúrcio, posso complementar esta matéria com gráfico de exportações, gráfico da participação do agro na balança, ou transformar esta versão em um texto mais duro e opinativo.

Por: Amanda Coelho com informações Agência Brasil e FGV