
Mesmo em um cenário econômico incerto e com um governo federal pouco atento às necessidades do setor produtivo, a pecuária de Mato Grosso do Sul segue avançando com força, eficiência e protagonismo nacional. O estado não é o maior produtor de carne do Brasil — posição ocupada pelo Mato Grosso —, mas figura entre os três maiores exportadores do país e se destaca por crescer acima da média nacional, ampliando produção, exportações e produtividade por hectare.
Exportações crescem mais no MS que no restante do país
Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) confirmam que Mato Grosso do Sul teve um dos maiores avanços percentuais do Brasil em 2024:
- Crescimento de 14% no volume exportado de carne bovina entre janeiro e outubro de 2024;
- Média nacional no mesmo período: 9%;
- O MS embarcou mais de 366 mil toneladas equivalentes carcaça, ficando entre os três maiores exportadores do Brasil;
- A receita das exportações sul-mato-grossenses ultrapassou R$ 8,2 bilhões.
Os principais destinos foram China, Emirados Árabes Unidos, Chile e Indonésia, reforçando a força internacional do produto do estado.
Produção e abates crescem impulsionados pela eficiência
Segundo o IBGE, Mato Grosso do Sul permanece entre os três ou quatro estados que mais abatem bovinos no Brasil, e é destaque entre os grandes por apresentar crescimento acima da média em 2023 e 2024.
A intensificação da produção — com confinamentos, melhoria genética, nutrição de precisão e encurtamento do ciclo — tem colocado MS no topo em arrobas produzidas por hectare, um indicador de produtividade reconhecido pela Embrapa.

Mercado do boi gordo se mantém estável mesmo na entressafra
A última semana de novembro trouxe estabilidade nos preços, marcada pela oferta equilibrada e pela saída gradual dos lotes de confinamento. O Indicador Cepea/Esalq fechou a R$ 322,45/@ em São Paulo, com negócios entre R$ 320 e R$ 330.
Em Mato Grosso do Sul, praças como Dourados registraram alta de R$ 5 na arroba, enquanto outras regiões mantiveram estabilidade. A liquidez da sexta pós-feriado foi considerada boa, reflexo de negociações represadas no dia anterior.
Setor produtivo de MS é reconhecido pela qualidade e pela gestão moderna
Lideranças do setor reforçam que a evolução do estado não é fruto do acaso, mas do investimento contínuo em tecnologia e manejo.
Guilherme Bumlai (Acrissul): “MS se tornou referência nacional em produção eficiente e sustentável”
Em declarações públicas da Acrissul, o presidente Guilherme Bumlai destaca: “Mato Grosso do Sul se tornou referência nacional em produção eficiente e sustentável. Nosso rebanho evoluiu com genética e manejo modernos, e o mercado reconhece essa qualidade. O estado cresce acima da média, e isso é mérito direto do produtor rural.”
Bumlai também tem alertado que a expansão das exportações é fator decisivo para que o estado continue forte, apesar de decisões políticas que afetam o setor.
Paulo Matos (Nelore MS): “A genética avançada transformou a pecuária sul-mato-grossense”
O presidente da Nelore MS, Paulo Matos, reforça a evolução técnica: “A genética avançada transformou a pecuária de Mato Grosso do Sul. Hoje temos animais mais precoces, de melhor rendimento e com ciclos mais curtos. Isso posiciona o estado entre os mais eficientes do Brasil e fortalece nossa presença no mercado internacional.”
Matos destaca que a cria e recria do MS estão entre as mais qualificadas do país, impulsionadas por IATF, nutrição de precisão e seleção rigorosa.

Protagonismo nacional em eficiência e ambiente favorável ao crescimento
O MS carrega atributos que consolidam seu protagonismo nacional:
- Zona livre de febre aftosa sem vacinação;
- Forte presença de confinamentos e semiconfinamentos;
- Investimentos logísticos (Rota Bioceânica, ferrovias, portos secos);
- Cadeia consolidada e industrializada;
- Potente adoção de genética de ponta.
Mesmo diante da ausência de políticas federais robustas para o seguro rural e com cortes orçamentários recentes, o setor produtivo sul-mato-grossense continua sustentando mais de 30% do PIB estadual e gerando mais de 150 mil empregos diretos.
Por: Henrique Theotônio e Amanda Coelho
