
O 1º Rodeio Fest Inclusivo encerrou sua programação com uma mensagem clara: a de que o rodeio pode ser também um espaço de acolhimento, diversidade e transformação social. Realizado entre 30 de outubro e 6 de novembro, no Parque de Exposições Laucídio Coelho, em Campo Grande, o evento reuniu tradição sertaneja, ações de cidadania e atividades voltadas à inclusão de pessoas com deficiência, especialmente autistas e portadores de Síndrome de Down.
Idealizado por Rafael Azambuja e Kaio Fernando Torres, o projeto nasceu do engajamento dos organizadores com instituições que atendem crianças com necessidades especiais. “Mergulhamos nessa causa e percebemos que o autismo é uma deficiência silenciosa, que ainda carece de visibilidade e inclusão real”, afirmou Azambuja.
Durante os dias de evento, mais de 20 instituições ofereceram gratuitamente serviços essenciais à população, como mamografia, vacinação, atendimentos odontológicos e oftalmológicos, emissão de documentos, orientação jurídica, intermediação de vagas de emprego e atendimento fonoaudiológico. Houve ainda rodas de conversa com psicólogas, oficinas culinárias e cortes de cabelo voltados às mães cuidadoras, em um momento que simbolizou o lema do evento: “Cuidar de quem cuida”.
Entre as atrações que encantaram o público, o Bioparque Pantanal promoveu experiências interativas que uniram educação ambiental e acessibilidade. As oficinas de brinquedos feitos com materiais recicláveis despertaram a criatividade das crianças, enquanto os óculos de realidade virtual levaram os visitantes a uma imersão nas belezas do maior aquário de água doce do mundo.
A diretora-geral do Bioparque e idealizadora do programa Bioparque Para Todos – Iguais na Diferença, Maria Fernanda Balestieri, destacou a importância da iniciativa. “O Bioparque Pantanal tem como um dos principais pilares a inclusão. Participar do Rodeio Fest Inclusivo reforçou esse compromisso, mostrando que a inclusão está presente em todas as nossas ações. Buscamos sensibilizar as pessoas sobre a importância de preservar o meio ambiente, garantindo que todos se sintam parte desse propósito”, afirmou.
A emoção tomou conta do público com a participação das irmãs com Síndrome de Down, filhas da mãe atípica Marina Martins Pinto Morelli, que fizeram história ao entrarem na arena. “Fazer com que duas meninas com Síndrome de Down entrassem dentro da arena é algo a nível internacional. Elas são as únicas no mundo que já participaram assim. Isso representa pertencer, incluir, ser protagonista e mostrar que eles merecem estar em todos os espaços”, disse Marina.

Além de promover inclusão, o Rodeio Fest Inclusivo também deixou um legado social. Parte dos recursos arrecadados será destinada à produção de painéis sensoriais — ferramentas utilizadas em terapias de estimulação cognitiva — confeccionados por detentos da Penitenciária Máxima de Campo Grande e distribuídos a instituições do interior do Estado.
O evento integrou a programação da Expogenética MS 2025 e da etapa internacional da PBR (Professional Bull Riders), realizado pela Nelore MS. Com shows, praça de alimentação beneficente e atividades recreativas, o rodeio mostrou que a cultura sertaneja pode ser, também, um instrumento de transformação e empatia.
Por: Henrique Theotônio e Amanda Coelho
