Tecnologia, seleção e tradição: Pecuaristas cruzam fronteiras para buscar reprodutores de elite no MS

Compartilhe:

Estado supera 18,7 milhões de cabeças, atrai produtores de todo o país e consolida liderança em melhoramento genético bovino

O avanço da genética bovina no Brasil ganhou força nos últimos trimestres, e Mato Grosso do Sul mantém posição de destaque nesse cenário, consolidando-se como um dos principais polos de melhoramento do país. O Index ASBIA do 3º trimestre de 2025, elaborado pelo Cepea, confirma um crescimento expressivo nos investimentos em material genético — tendência que reflete a qualidade dos rebanhos sul-mato-grossenses e o trabalho consistente das instituições locais.

Com aproximadamente 18,7 milhões de cabeças de gado, segundo dados do IBGE para 2023, o estado se firma como um dos maiores produtores de genética Nelore de alta performance do Brasil. Programas de avaliação, provas zootécnicas, leilões oficiais e ações de padronização racial realizados pela Acrissul e pela Nelore‑MS elevaram o padrão dos rebanhos regionais a um patamar de destaque nacional. Isso tem atraído um fluxo crescente de pecuaristas de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Pará e Tocantins, que buscam no MS reprodutores e matrizes superiores.

MS domina rankings e atrai olhar nacional
Dados de mercado apontam que o MS concentra alguns dos plantéis Nelore mais selecionados do Brasil, com famílias genéticas reconhecidas e presença constante no ranking de eficiência reprodutiva. Pesquisas da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande, mostram que os programas de seleção conduzidos no estado resultaram em avanços consistentes em precocidade sexual, habilidade materna, ganho de peso e rendimento de carcaça.

A tendência destacada pela ASBIA — com aumento de 11,5% nas vendas de sêmen para pecuária de corte e 12,4% para pecuária leiteira no 3º trimestre — também se reflete no MS. Desde 2023, o estado ampliou programas de incentivo à genética, por meio do Governo do Estado e da Semadesc, com linhas de crédito específicas, apoio a eventos técnicos e políticas permanentes de sanidade. Essas iniciativas ajudam a manter o status de área livre de febre aftosa sem vacinação.

Continua depois do anúncio

Mercado de touros reprodutores de elite no MS está aquecido

Infraestrutura e tecnologia impulsionam ganhos
O governo estadual tem ampliado investimentos em infraestrutura rural, estradas e digitalização no campo, facilitando o acompanhamento zootécnico e a adoção de biotecnologias reprodutivas, como inseminação artificial (IA) e fertilização in vitro (FIV). A utilização dessas técnicas cresce anualmente no MS, acompanhando o dado nacional de que 78,7% dos municípios brasileiros já utilizam IA.

Além do gado de corte, outras cadeias seguem o mesmo caminho do melhoramento genético. Suinocultura, avicultura, equinocultura, piscicultura e ovinocultura já adotam critérios mais rigorosos de seleção. Na piscicultura — hoje uma das atividades que mais avançam no estado — programas aplicados em tilápias e pacus têm elevado a produtividade, com participação da iniciativa privada e apoio da Cepea e da Embrapa Pantanal.

O MS também se destaca pela capacidade crescente de multiplicação genética. As centrais de coleta e os serviços de processamento de sêmen vêm aumentando, acompanhando a alta nacional de 7,4% nas atividades de coleta e industrialização. Esse movimento amplia a oferta regional e fortalece linhagens valorizadas no mercado.

O presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, afirma que o estado se tornou referência inevitável para quem busca evolução genética: “O Mato Grosso do Sul virou rota obrigatória de quem busca melhorar seu rebanho. Nós construímos essa reputação com trabalho técnico, seriedade na seleção e integração entre entidades, produtores e centros de pesquisa. A qualidade dos nossos reprodutores explica por que tantos pecuaristas de outros estados vêm até aqui.”

Continua depois do anúncio

Bumlai também destaca o impacto econômico dessa evolução: “O melhoramento genético é um dos pilares para manter o MS entre os maiores produtores de carne do país. Esse movimento fortalece leilões, gera renda e consolida nosso estado como líder nacional em produtividade.”

O presidente da Nelore-MS, Paulo Matos, reforça que a genética produzida no estado se tornou uma marca reconhecida: “Quando se fala em genética do Mato Grosso do Sul, existe imediatamente um selo de confiabilidade. Isso vem do rigor dos programas de seleção e do comprometimento dos criadores. Os plantéis do MS estão entre os mais desejados do país, e isso é resultado de trabalho técnico contínuo.”

Matos acrescenta que o interesse nacional evidencia a força local: “A demanda crescente por reprodutores e matrizes do estado mostra que nossa pecuária lidera não apenas em volume, mas em qualidade. O MS assumiu posição de destaque e continuará investindo para manter essa liderança.”

Ovinocultura tem ganhado cada vez mais destaque em melhoramento genético no Estado

Reconhecimento internacional e resultados exportadores
A diretora-executiva da ASBIA, Lilian Matimoto, destaca que o crescimento é reflexo de confiança global: “O mercado internacional reconhece a qualidade da carne brasileira e, especialmente, o avanço do melhoramento genético no país.”

No MS, essa percepção se traduz no desempenho do comércio exterior: o estado segue entre os cinco maiores exportadores de carne bovina do Brasil, segundo o Ministério da Agricultura. A demanda por genética superior acompanha diretamente essa expansão.

Estado se consolida como referência nacional
A combinação entre instituições estruturadas (Acrissul, Nelore-MS e Famasul), políticas públicas contínuas, centros de pesquisa como a Embrapa Gado de Corte e produtores altamente tecnificados mantém o Mato Grosso do Sul na liderança do setor.

O resultado é claro: genética de excelência, produtividade crescente e um estado que se tornou referência nacional e destino certo para quem busca evolução no rebanho.



Por: Henrique Theotônio e Fabíola Camilo