
A Casa Rural, em Campo Grande, recebeu nesta semana dois eventos que reforçam uma das transformações mais profundas do agronegócio sul-mato-grossense: a convivência e a interação entre diferentes gerações que hoje compartilham a responsabilidade de conduzir o campo. O Encontro de Jovens da Agropecuária, realizado pela Famasul Jovem e pelo Senar/MS, e o 3º Encontro de Mulheres dos Programas Mulheres em Campo e Donas do Agro mostraram que o futuro do agro passa pela união de perspectivas — experiência, inovação, sensibilidade, gestão e, sobretudo, sucessão.
Em ambos os encontros, o que se viu foi um ambiente de troca real. Jovens, mulheres, lideranças e técnicos dialogaram sobre desafios comuns, mas sob olhares distintos, fortalecendo a construção de um agro mais humano, mais preparado e mais conectado às pessoas.
Jovens fortalecem a sucessão e trazem inovação para o campo
O Encontro de Jovens da Agropecuária destacou a importância de preparar novas lideranças para garantir continuidade, competitividade e visão estratégica nas propriedades. O superintendente do Senar/MS, Lucas Galvan, reforçou o papel dessa geração que assume cada vez mais responsabilidade no campo.
“É preciso manter esses conhecimentos ativos e implementar novas tecnologias. Vocês têm papel fundamental para sustentar o crescimento do agro nos próximos anos.”
A produtora e palestrante Helen Jacintho ampliou essa visão ao lembrar que o Brasil é hoje “o agro mais jovem do mundo”, em contraste com outros países onde o campo envelhece rapidamente.
“Aqui ainda existe oportunidade. Nós chamamos o jovem. E essa continuidade é a nossa grande arma.”
A presidente da Famasul Jovem, Júlia Mendes, reforçou que liderança se constrói com participação ativa:
“As oportunidades existem, mas é preciso se colocar à disposição delas. Projetos que geram impacto real transformam o dia a dia do produtor.”

A premiação do Programa Jovem Sucessor Rural, do Senar/MS, foi um retrato concreto dessa transformação. Projetos ambientais, sociais e produtivos mostraram que sucessão geracional não é apenas passar a propriedade adiante — é permitir que novas visões melhorem o que já existe.
Iniciativas como “Do Lixão à Floresta”, de Ponta Porã, e ações de preservação de nascentes e uso sustentável da macaúba revelaram que a nova geração carrega senso de responsabilidade social e ambiental alinhado à produtividade. É a sucessão com propósito.
Mulheres consolidam protagonismo e ampliam o olhar humano na gestão rural
Do outro lado da programação, o Encontro de Mulheres dos programas Mulheres em Campo e Donas do Agro reforçou outro movimento essencial: o crescente protagonismo feminino na gestão das propriedades rurais.
A diretora técnica do Senar/MS, Mariana Urt, e a diretora administrativa e financeira, Milene Nantes, destacaram que capacitar mulheres é ampliar impacto em toda a comunidade rural.
“Investir nas formações de mulheres é investir em um campo mais produtivo, inovador, sustentável e humano”, afirmou Mariana, transmitindo mensagem do presidente da Famasul, Marcelo Bertoni.
A presença da presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA, Stéphanie Gobato, reforçou que o avanço feminino não é tendência isolada — é movimento nacional. Ela defendeu que ocupar espaços estratégicos é condição para que as produtoras participem das decisões que moldam o setor.
Histórias compartilhadas pelas participantes mostraram que essa presença feminina tem transformado a rotina das propriedades.
“Aprendi liderança, gestão, economia. Foi um programa que vou levar para a vida”, contou Milena Junqueira, do Donas do Agro.

No Mulheres em Campo, 274 participantes se formaram ao longo do ano. Para muitas delas, foi a primeira oportunidade de estudar gestão rural com profundidade.
“O programa chega onde muita gente não chega. É um gás que muda nosso dia a dia”, relatou Sandra Prestes.
O futuro do agro acontece quando as gerações se encontram
Os dois eventos, realizados no mesmo espaço e na mesma semana, mostraram um ponto em comum: a força do agro não vem apenas da terra ou da tecnologia, mas das pessoas.
Quando mulheres que lideram negócios rurais se encontram com jovens que projetam o futuro; quando a experiência dialoga com a inovação; quando diferentes visões se somam com respeito — nasce um campo mais preparado para crescer, se renovar e enfrentar desafios.
A sucessão rural deixa de ser um problema e se transforma em oportunidade.
O agro deixa de ser apenas um setor econômico e volta a ser uma comunidade.
E Mato Grosso do Sul reforça seu papel como referência nacional na formação de lideranças que unem produtividade, sustentabilidade e humanidade.
Por: Amanda Coelho
Com informações da Assessoria de Imprensa Famasul
