No meio de tantos trancos e solavancos, uma das grandes trapeiras que os companheiros e companheiras boiadeiros brasileiros tão tendo de enfrentar neste 2024 que já tá indo pro seu trecho derradeiro é o forte aumento no abate de animais em todas as principais regiões de pecuária do país. Aí, sendo esta questão merecedora da máxima atenção de todo mundo que ganha a vida na lida de gado, e enquanto a gente espera novos dados nacionais a respeito do que tá acontecendo neste eito, vale a pena assuntar a situação atual de mato grosso que, sendo o dono da maior boiada do Brasil, oferece uma boa indicação do rumo que será tomado pelo carretão daqui pra frente. Pois então, conforme o Imea, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, em setembro foram pro gancho um total de 647,5 mil cabeças no estado.
Em relação ao que tinha sido acontecido no período correspondente do 2023, este volume representou um substancioso aumento de 16%, sendo o maior já registrado num mês de setembro em toda a história da indústria frigorífica local. Mas repare a amiga fazendeira que, pareando com o agosto do 2024, o que aconteceu foi o contrário, com uma redução de 3%. Pro pessoal da consultoria Agrifatto, a explicação pra esta diminuição na comparação mensal é, primeiramente, o fato de que o mês passado teve três dias de trabalho a menos do que o seu predecessor. E segundamente, o que também já tá fazendo diferença no mercado é o encurtamento na oferta de gado terminado nestas semanas recentemente vencidas, por conta logicamente da seca mas, especialmente, do avançamento do ciclo da pecuária nacional.
A comprovação desta mudança no rumo do vento é evolução do abate de fêmeas, e aí o que tem pra ser contado é que, agora em setembro, os frigoríficos mato-grossenses receberam 240,8 mil cabeças. Pedindo perdão pelo abuso da numerologia, que no entanto é importante pro entendimento da situação, fazendo a comparação com agosto deste ano, essa quantidade de vacas e novilhas representa um emagrecimento de 14,8%, sendo ainda que a participação delas no total de animais abatidos caiu pra 37,2%. Considerando então desnecessário ensinar o padre-nosso pro vigário, a conclusão é que, assim como no Brasil inteiro, o fazendeiro de Mato Grosso voltou a segurar fêmeas na propriedade pra fazer vaca parideira, e daqui pra frente o caso vai ser de crescente carestia deste tipo de mercadoria.
Por: Terra Viva