O 2º Fórum Estadual de Mudanças Climáticas prossegue nessa quinta-feira (28) com as discussões concentrando-se nas câmaras técnicas. O Fórum teve início ontem (27) pela manhã e acontece no auditório do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em Campo Grande. Com mais de 250 presentes, o governador Eduardo Riedel e o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck participaram da cerimônia de abertura e do primeiro painel de debates.
Na parte da tarde do primeiro dia do evento aconteceram quatro palestras divididas em dois painéis temáticos. A doutora em Governança Climática Natália Braga Renteria traçou um panorama do mercado de carbono em níveis nacional e internacional, abordou as diferenças de legislação para comércio dos créditos interna e externamente, falou sobre os desafios e as perspectivas do setor. Para ela, o mercado de créditos de carbono é uma engenharia inteligente capaz de viabilizar e impulsionar as medidas para mitigação e reversão dos efeitos das mudanças climáticas.
Ainda sobre o tema, o doutor e mestre em Direito Daniel Barcelos Vargas trouxe sua contribuição e ponderações a respeito de políticas públicas para construção de um futuro sustentável e próspero, enfatizando o papel relevante de Mato Grosso do Sul como “player estratégico” nessa realidade que se impõe a todos os países. Tanto Renteria quanto Vargas compartilham do entendimento que a atividade agropecuária não deve ser afetada pelas políticas de compensação de emissões de GEEs (gases do efeito estufa), pela complexidade e abrangência da atividade. “Mesmo que se restringissem aos maiores produtores, existem mais de 50 mil propriedades rurais acima de 1 mil hectares”, pontuou Renteria.
Outras duas palestras encerraram a programação do primeiro dia do Fórum. Com o tema “Territórios Complexos, Soluções Complexas”, o arquiteto e pesquisador especializado em Arquitetura para a Saúde Fábio Oliveira Bitencourt Filho abordou os efeitos da expansão demográfica no mundo e os impactos das mudanças climáticas nas regiões urbanas, num “Desafio de Criar Cidades Sustentáveis”, enquanto o geógrafo Luiz Eduardo Panisset apresentou as características dos solos cársticos e os desafios para sua preservação.
Os municípios de Bonito e Bodoquena estão sobre solos cársticos, tipo de relevo que se caracteriza pela dissolução ou corrosão das rochas formando cavernas, grutas, lapas, abrigos, dolinas, rios subterrâneos, paredões rochosos. Todas essas construções estão presentes em Bonito e Bodoquena e em outros municípios da região.
Câmaras Técnicas
A programação desse segundo dia (28) do Fórum de Mudanças Climáticas prossegue com os debates nas Câmaras Técnicas. Foram formadas quatro câmaras técnicas, com participação livre por parte dos membros da Plenária ou qualquer participante que tenha afinidade com os temas discutidos e deseja participar. O número máximo foi de 30 participantes por Câmara Técnica.
Na parte da manhã se reuniram as Câmaras Técnicas “Serra da Bodoquena” e “Pantanal” e na parte da tarde as Câmaras Técnicas “Impactos Climáticos” e “Adaptações Urbanas e Recursos Hídricos”. Esses colegiados produzirão relatórios dos assuntos discutidos e em 30 dias devem se reunir novamente para prosseguirem os debates e sugestões de medidas práticas.
Esse espaço é destinado a discutir medidas práticas a serem implementadas no Estado visando combater e mitigar os efeitos das mudanças climáticas, bem como promover adaptações para enfrentar a nova realidade imposta pelo aquecimento global. Esses núcleos focados apresentarão seus trabalhos à Plenária e ao Conselho, facilitando as deliberações.
Na parte da manhã do dia 28 reúnem-se as Câmaras Técnicas Serra da Bodoquena e Pantanal, e na parte da tarde as Câmaras Técnicas Impactos Climáticos e Adaptações Urbanas e Recursos Hídricos.
Texto: João Prestes
Fotos: Mairinco de Pauda