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Lentidão no escoamento da carne põe mercado brasileiro do boi gordo em banho-maria

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Com a proximidade do fim do mês, o escoamento da carne bovina no mercado doméstico segue lento, o que tem dificultado a manutenção das ofertas de compra de boi gordo, informam a Scot Consultoria e a Agrifatto.

Com isso, diz a Scot, a semana termina com preços estáveis na maior parte das regiões produtoras. No mercado paulista, segundo a consultoria, o boi gordo “comum” segue valendo R$ 327/@, no prazo, enquanto o “boi-China” está cotado em R$ 335/@, uma ágio de R$ 8/@ para o animal com padrão-exportação.

Por sua vez, na mesma praça de São Paulo, a vaca é negociada por R$ 305/@, enquanto a novilha gorda vale R$ 317/@, também com pagamento a prazo. Segundo a Agrifatto, a comercialização da proteína “continua derrapando e carcaça bovina no atacado paulista atingiu o menor patamar desde 06/11/24”. “A desaceleração no consumo tem aumentado os estoques e reduzido o ímpeto de compra das indústrias”, reforça a Agrifatto.

Apesar de um leve aumento no número de abates nesta quinta-feira (23/1), relata a Agrifatto, a quantidade de carne com osso oferecida aos atacadistas foi ajustada apenas para atender a uma demanda quase inexistente.

Nesse contexto, continua a consultoria, é possível visualizar o reajuste nos preços dos cortes bovinos – a carcaça casada do boi castrado terminou o dia a R$ 21,76/kg (como mencionado acima, atingiu o patamar mais baixo desde  06/11/24).

Mercado futuro

Na B3, a pressão negativa persiste, com destaque para os contratos com vencimento em abril/25, que registraram a maior desvalorização diária na quinta-feira (-1,58%), fechando em R$ 317,75/@.

Por sua vez, informa Agrifatto, após testar o nível de R$ 323/@ como resistência, o contrato futuro do boi gordo com entrega em fevereiro/25 ampliou a sua sequência de recuos, encerrando o pregão regular de 23/01 cotado a R$ 318,65/@.

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“Tecnicamente, o ativo ainda possui espaço para cair até a região de R$ 312,90/@. Por outro lado, o nível de R$ 323/@ continua sendo a principal resistência em caso de recuperação”, observa a Agrifatto.

Curva invertida

Segundo dados levantados pelo analista Raphael Galo, colunista do prestigiado informativo semanal “Boi & Companhia”, da Scot, desde o início da segunda quinzena de janeiro/25 para cá, a curva de preços nos contratos futuros do boi gordo segue “invertida” em relação ao comportamento dos preços da arroba no mercado físico.

“Enquanto o indicador Cepea (praça paulista, valor à vista) teve leve valorização, alguns contratos futuros caíram mais de 2% em uma semana”, compara Galo. Ele acrescenta: “De certa maneira, para o produtor, isso representou “um acionar de um alarme, pois todos os contratos futuros de curto prazo agora indicam preços menores do que o atual”.

Na avaliação de Galo, o momento atual exige do pecuarista revisão das estratégias, buscando soluções para otimizar os ganhos/margens.

Em coluna publicada no informativo semanal mais recente da Scot (divulgado na quinta-feira, 23/1), Galo faz promessas aos seus leitores: “Na próxima semana, trago mais detalhes sobre os comitentes (participantes dos contratos futuros) na B3 e como é importante acompanhar a movimentação dos agentes para melhorar sua estratégia de hedge (proteção de preços)”.

Embarque em ritmo bom

No setor de exportação, o desempenho dos embarques brasileiros de carne bovina in natura continua “robusto”, destaca o engenheiro agrônomo Pedro Gonçalves, analista da Scot.

Em janeiro/2025, na parcial dos primeiros 12 dias úteis, foram embarcadas 112,73 mil toneladas, com um volume médio diário de 9,4 mil toneladas, desempenho ligeiramente menor em relação à quantidade diária de dezembro/2024, mas um acréscimo de 13,8% na comparação com o resultado médio diário de janeiro de 2024.

“O movimento de retração na exportação em janeiro, comparado a dezembro, é comum e não ocorreu apenas em dois momentos nos últimos dez anos: na virada de 2021-2022 e em 2022- 2023”, recorda Gonçalves.

Na parcial de janeiro/25, o preço médio da carne bovina exportada atingiu US$ 5 mil/tonelada, um crescimento de 11,4% sobre janeiro de 2024, destaca o analista.

Por: Portal DBO