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Aumento da produção de feijão pressiona preços e acende alerta para 2ª safra

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A colheita da primeira safra de feijão segue avançando pelo Brasil e, até o último domingo (26), já atinge 39% dos 908 mil hectares cultivados, de acordo com o levantamento de Safras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). 

Alguns estados com São Paulo (100%) e Paraná (83%), estão mais adiantados com a safra deve render 1,088 milhão de toneladas de feijão, um volume 15,5% maior do que o colhido na primeira safra de 2024 (942,3 mil toneladas).  

Somente no Paraná, a área de verão 24/25 saltou 49,3% dos 113,3 mil hectares de 23/24 para 169,2 mil hectares, trazendo uma produção 84,5% superior com 427,6 mil toneladas ante 272,5 mil do ano anterior, segundo dados da Conab. 

“A área de feijão cresceu muito e tem sido uma safra muito boa. Por outro lado, tem pressionado os preços, já que é uma produção que pode ser, praticamente, o dobro da do ano passado”, destaca Carlos Hugo Godinho, Engenheiro Agrônomo do Deral. 

Os indicadores do Deral para esta 1ª safra de feijão do Paraná divergem um pouco dos da Conab, mas ainda mostram aumento de 57% na área plantada (de 107,8 mil hectares para 169,2) e de 113% na produção (de 160,4 mil toneladas para 341,7). 

De acordo com o último levantamento divulgado pelo Deral (Departamento de Economia Rural do Paraná) nesta quinta-feira (30), ainda que tivessem sido observados problemas pontuais nesta safra, a produtividade da região Sul, que concentra 74% do plantio, se destacou com chuvas um pouco mais regulares e temperaturas mais amenas. O destaque ficou com a região dos Campos Gerais, onde a produtividade foi de 2.378 quilos por hectare. A produtividade média paranaense neste período é de 2.020 quilos por hectare. 

“Esse valor foi atingido em função de investimento em tecnologia aliada a uma condição climática excepcional, tendo em vista o ciclo curto da cultura”, pondera Godinho.  

Esse grande aumento no plantio de feijão da primeira safra brasileira pode ser creditado ao bom desempenho do setor ao longo de 2024, que foi um ano histórico de preços e para as exportações brasileiras. 

“Eu acredito que seja o efeito duplo de que nós temos a perspectiva de exportação somada às questões de alternativas de plantio. Em alguns lugares por janela mesmo de plantio e em outros por alternativas, que o produtor faz as contas e acaba preferindo plantar o feijão, outras alternativas acabam não sendo boas e o produtor olha para o feijão vê que o feijão ainda estava bom”, explica Marcelo Eduardo Lüders, Presidente do Ibrafe (Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses). 

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O reflexo desse aumento na oferta é sentido diretamente nos preços do grão no mercado brasileiro. “O máximo que a gente viu no começo desta semana para feijão carioca foi R$ 220,00 ou R$ 230,00 para os melhores lotes. Ai quando você olha lotes de feijão danificado pelo Brasil você encontra desde R$ 150,00 até R$ 190,00 dependendo do percentual de defeitos. É um momento ruim sim e fica esse alerta para o produtor”, afirma Lüders. 

“Esse avanço de área e produção, somados ao cenário de enfraquecimento do consumo e dificuldade no escoamento, trouxe pressão para os preços do feijão no mercado brasileiro. Neste momento, tanto o preto quanto o carioca estão com níveis muito próximos ao custo de produção. As margens dos produtores estão empatadas, ou apenas um pouco positivas”, destaca Evandro Oliveira, Analista da SAFRAS & Mercado. 

Diante deste cenário, a liderança faz um alerta para a temeridade de se plantar uma grande área na segunda safra brasileira, que já tem trabalhos começando em algumas localidades.  

“Isso gera aquela situação do produtor comentar que quando plantou os preços eram de R$ 200,00 e agora estão R$ 150,00. É uma onda que se forma e todo mundo sai plantando. É um pouco assustador a quantidade de área prevista para o Paraná e se você soma a primeira área desse ano de feijão preto e aquilo que está previsto, nós chegamos próximos de 700 mil toneladas de feijão preto, já que nós, quando muito, produzimos 500 mil toneladas”, alerta o Presidente do Ibrafe. 

“A relação estoque/consumo em 2023 era de 13%, subiu para 19% em 2024 e deve fechar 2025 em mais de 20%. Isso é mais um indicativo de queda do mercado”, ressalta Oliveira. 

Para a segunda safra geral, a Conab estima plantio de 840,8 mil hectares, área 1,1% maior do que os 831,9 mil de 2024, com uma produção prevista de 116 mil toneladas, o que seria 11,2% maior do que as 104,3 mil toneladas da temporada passada. 

No caso Paraná, que já tem 26% das lavouras semeadas até a última segunda-feira (27), o Deral projeta área total de 365,8 mil hectares, o que seria uma redução de 16% com relação aos 435 mil hectares de 2024 e uma produção 1% inferior a anterior, o que ainda configuraria esta como a segunda maior safra da história do estado. 

“A grande oferta momentânea reflete no preço pago ao produtor. Essa situação pode levar alguns produtores a recuarem na intenção do plantio da segunda safra de feijão”, aponta o levantamento do Deral. 

Para a área de feijão preto paranaense, citada pelo Marcelo Lüders, a Conab projeta redução de 8,5% de plantio e produção de 493,3 mil toneladas (1,5% inferior a de 2024), o que somadas as 223,6 mil toneladas colhidas na primeira safra, dariam mais de 700 mil toneladas de feijão preto apenas no Paraná.  

“O Paraná vem plantando mais feijão na segunda safra, mas a diferença é que neste ano tivemos aumento também na primeira safra”, pontua Lüders. 

Olhando para todo o país, a Conab indica 827,3 mil toneladas colhidas de feijão preto no total das 3 safras, patamar 16,2% superior às 711,9 mil toneladas de 2024. 

Por: Notícias Agricolas