
A arroba do boi gordo reagiu, a despeito do tropeço das cotações nos últimos dias; o preço do boi magro se mantém, e a saca do milho está em forte tendência de queda no mercado futuro. É nesse cenário que a boiada começa a ser fechada para o primeiro ciclo do confinamento. O otimismo de investidores e confinadores ecoa nas palavras de Maurício Palma Nogueira, diretor da Athenagro Consultoria, de São Paulo (SP).
“Estamos projetando o melhor resultado do confinamento dos últimos dez anos”, diz.
Rogério Coan, da Coan Consultoria, de Ribeirão Preto (SP), concorda que a conjuntura atual se revela promissora para esta primeira etapa de engorda. “É importante que o pecuarista se atente às oportunidades do mercado para buscar margem de lucro na operação”, diz.
Boa hora para fazer “hedge”
Para Maurício Nogueira, a recuperação da arroba do boi e a queda no preço do milho – projeções do mercado futuro indicam recuo de até R$ 10/saca no segundo semestre – mostram que o cenário é propício para lançar mão de ferramentas de gestão de risco.
“Na nossa visão, é uma boa hora de fazer um hedge. Estamos num bom momento tanto para garantir a compra de insumos quanto para vender o boi gordo”.
O consultor Rogério Coan lembrou que os confinadores têm diversos meios de se proteger das oscilações do mercado e assegurar a rentabilidade da operação.
“Há dez anos fomentamos que o pecuarista fizesse pelo menos o boi a termo, que garante preço fixo e escala. Depois, recomendamos que entrasse na B3 para fazer a call. Outra possibilidade é a compra e venda no mercado futuro. Existem muitas opções, mas a gente ainda observa uma evolução muito pequena no uso dessas ferramentas ”, diz.
Rende mais que a Selic e o CDI
Durante sua apresentação, Coan apresentou o cenário de lucro e rentabilidade para o confinamento nas principais praças pecuárias do País, fixando o preço do boi gordo com variações acima e abaixo da cotação atual. Para um confinador em São Paulo, por exemplo, que vende o boi a R$ 315, o lucro é de R$ 688, o que lhe garante uma rentabilidade de 2,57% ao mês.
“Se a gente dividir a remuneração paga pelo CDI, que está em 14,75% pelos 12 meses do ano, temos uma rentabilidade de 1,23% ao mês. Isso mostra que a operação do confinamento, mesmo com o cenário atual de queda, está mais atrativo do que os investimentos atuais de renda fixa”.
As projeções, fartamente ilustradas com gráficos e tabelas, estão disponíveis nos slides mostrados na live. Os nove Estados que fizeram parte do estudo são: Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Rondônia e Pará.
Quem segura o preço da arroba?
O mercado do boi gordo tem reagido desde o segundo semestre do ano passado. De junho a novembro de 2024, a alta foi de 53%. O que tem puxado as cotações não é a diminuição da oferta. Pelo contrário. A participação das fêmeas no total abatido segue a todo vapor, superando marcas históricas. Para Maurício Nogueira, é o mercado internacional que tem sustentado o valor da arroba.
“Nos primeiro trimestre do ano, o Brasil exportou 12% a mais do que nos três primeiros meses do ano passado, que já havia sido recorde histórico. O preço da carne em dólar está mais alto e o câmbio favorece as exportações. Tudo isso é positivo para a precificação da arroba do boi”, afirma.
Aditivos melhoram o desempenho animal
Os aditivos alimentares estão cada vez mais presentes no confinamento. Com o crescimento das rações de alto concentrado, estas substâncias passaram a ser utilizadas de forma conjunta. Esta associação garantiu maior segurança à dieta, diminuindo os distúrbios alimentares e melhorando a flora ruminal. Ricardo Assmann, da Allbiom Feed, destacou o avanço das pesquisas na busca por moléculas cada vez mais promissoras.
“O que está entrando no pipeline de desenvolvimento das pesquisas é a utilização de aditivos biológicos, como os probióticos, e tecnologias envolvendo microrganismos que auxiliam tanto na sanidade animal quanto na conversão alimentar. São novas ferramentas que chegam para agregar à produção dentro da fazenda”, diz.
Por: Portal DBO
