Mato Grosso do Sul recebe reunião da Aliança Láctea e consolida protagonismo na cadeia do leite

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Campo Grande (MS) – Com a meta de transformar o Sul do Brasil em um polo exportador de produtos lácteos de valor agregado, representantes dos setores público e privado da cadeia leiteira se reuniram nesta terça-feira (10), na sede da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), para a primeira reunião da Aliança Láctea Sul-Brasileira após a entrada oficial do estado no grupo.

A Aliança, formada por Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e, agora, Mato Grosso do Sul, debateu estratégias para fortalecer a competitividade do setor, com foco em ações sanitárias, produtividade, industrialização e inserção no mercado internacional.

A inclusão de MS, oficializada em outubro de 2023, marca um novo momento para o estado, que vem expandindo sua atuação na cadeia do leite. Somente em 2024, a produção sul-mato-grossense ultrapassou 190 milhões de litros, crescimento impulsionado por políticas públicas estruturantes. Em 2023, a produção havia sido de 183 milhões de litros, segundo o IBGE.

“Temos buscado soluções conjuntas para tornar nossa produção mais eficiente, sustentável e competitiva. A entrada de Mato Grosso do Sul fortalece a Aliança e amplia as possibilidades de ação integrada na região”, afirmou Ronei Volpi, presidente da Aliança Láctea e secretário da Agricultura de Santa Catarina.

Sul concentra 41% da produção brasileira inspecionada

Os estados do Sul respondem por cerca de 41% de todo o leite inspecionado no Brasil, com destaque para o Paraná, líder da região, com mais de 4,3 bilhões de litros anuais. Santa Catarina e Rio Grande do Sul seguem como importantes polos, com 3,4 bilhões e 3,2 bilhões de litros, respectivamente. O desafio, segundo o setor, está na elevação da competitividade global frente a mercados mais estruturados como União Europeia e Estados Unidos.

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“O mercado interno está estagnado, com consumo em queda. Precisamos encontrar alternativas viáveis de exportação e valorização do produto nacional”, afirmou Airton Spies, ex-secretário de Agricultura de SC e consultor da Aliança.

Durante a reunião, foi discutido o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro, que estabelece cinco eixos de atuação: produtividade, qualidade, sanidade, eficiência e exportação. A proposta inclui ações como melhoramento genético, rastreabilidade, certificação ambiental e fidelização das relações entre produtores e indústria.

MS investe em genética e assistência técnica

Mato Grosso do Sul tem apostado em programas estruturantes para ampliar sua participação na cadeia. O Senar/MS já assiste 6.704 propriedades, o equivalente a 28% dos produtores de leite do estado, com ações de capacitação e assistência técnica e gerencial (ATeG).

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Entre os destaques está o Projeto de Melhoramento Genético de Rebanhos Bovinos Leiteiros, que prevê R$ 4,3 milhões em investimentos até 2026, incluindo inseminações artificiais, transferências de embriões e distribuição de animais geneticamente superiores.

Outra iniciativa é o programa Pró-Leite, que visa elevar a produção anual em quatro milhões de litros nos próximos seis anos. O projeto também contempla o subprograma Leite Vida, com foco na inclusão social de pequenos e médios produtores. Ao todo, o investimento previsto é de R$ 70 milhões em dois anos.

“Estamos vivendo um momento de virada. O leite deixou de ser apenas uma atividade de subsistência para se tornar uma oportunidade de renda sólida e crescimento para o pequeno produtor”, destacou Frederico Stella, diretor-técnico do Senar/MS.

Sanidade e mercado externo no radar

O encontro também abordou temas técnicos como o controle de brucelose e tuberculose, doenças que ainda impactam o status sanitário e as possibilidades de exportação. A regionalização de ações e a padronização da qualidade do leite são vistas como pontos-chave para elevar o padrão do produto nacional.

“Se queremos competir globalmente, precisamos cumprir exigências sanitárias rigorosas. Isso passa por um grande pacto entre produtores, indústria e governo”, ressaltou José Roberto Ricken, presidente da Ocepar (PR), presente na reunião.

A Aliança Láctea deve seguir com novos encontros em 2025 para acompanhar a execução do plano estratégico e medir os avanços em produtividade, eficiência e inserção internacional. A expectativa é de que a integração entre os quatro estados acelere a modernização da cadeia leiteira, com reflexos diretos na renda e na sustentabilidade do campo.

Com informações: Famasul
Foto: Famasul – Divulgação