Exportação de carne bovina brasileira aos EUA cai 80% em três meses, mas Mato Grosso do Sul mantém força no mercado

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A compra de carne bovina brasileira pelos Estados Unidos despencou 80% nos últimos três meses, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços compilados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). O recuo é atribuído principalmente ao “tarifaço” imposto pelo governo norte-americano, que elevou em 50% as tarifas sobre a carne brasileira, tornando as exportações menos competitivas.

Apesar desse cenário, o Brasil caminha para um novo recorde de exportação de carne bovina em 2025. O analista da consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, explica que, ao considerar o acumulado do primeiro semestre, as vendas para os EUA tiveram alta de quase 100% em relação ao mesmo período do ano anterior, evidenciando uma recuperação que, no momento, sofre um ajuste em junho devido à queda na demanda.

“Esse declínio em junho reflete a saturação do mercado após picos de compras em abril. No entanto, o saldo do semestre é positivo e o Brasil mantém uma posição forte no mercado global de carne bovina, principalmente por sua diversificação de clientes, como China e Oriente Médio”, explica Iglesias.

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Mato Grosso do Sul como motor do crescimento
O Mato Grosso do Sul, estado que é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do país, tem papel fundamental nesse cenário. Dados oficiais da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (SEMAGRO) indicam que o estado já exportou cerca de 115 mil toneladas de carne bovina em 2025, representando aproximadamente 12% das exportações brasileiras até o momento.

Paulo Matos, presidente da Associação dos Criadores de Nelore do MS, destaca: “Mesmo diante dos desafios tarifários, nossa pecuária se mantém competitiva, graças à qualidade da carne e aos investimentos em tecnologia e rastreabilidade. O Mato Grosso do Sul está preparado para seguir impulsionando as exportações brasileiras.”

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O presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, reforça a confiança no crescimento: “O trabalho conjunto dos produtores sul-mato-grossenses, focado na sustentabilidade e na eficiência, abre portas para mercados exigentes e contribui decisivamente para que o Brasil alcance novos patamares em exportação.”

Fonte: IBGE e SEMAGRO
A produção do MS cresceu de cerca de 450 mil toneladas em 2019 para 540 mil toneladas em 2023.
A exportação acompanhou esse crescimento, passando de 90 mil para 115 mil toneladas no mesmo período.

Pressão sobre preços e novos mercados
O tarifaço americano tem pressionado os preços da arroba, que caíram do patamar de R$ 300 para uma média entre R$ 290 e R$ 295 em São Paulo, segundo Iglesias. A pressão baixista no mercado interno reflete o impacto das tarifas, mas não diminui o otimismo para o desempenho anual.

“É esperado um rearranjo no comércio global de carne, com Austrália, Uruguai e Argentina buscando atender os EUA, enquanto o Brasil amplia sua presença em mercados tradicionais e explora novas oportunidades, como Japão e Coreia do Sul”, acrescenta o analista.

Por: Henrique Theotônio