Tarifaço dos EUA ameaça R$ 34 bilhões da economia brasileira e afeta diretamente setor industrial e agroexportador

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A decisão do governo dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais de até 50% sobre produtos brasileiros ameaça desestabilizar setores-chave da economia nacional. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a medida pode gerar perdas estimadas em R$ 34 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e comprometer mais de 24 mil empregos diretos para cada R$ 1 bilhão exportado ao país norte-americano.

As tarifas atingem especialmente o setor industrial – responsável por 78% das exportações brasileiras para os EUA –, mas também afetam cadeias do agronegócio, como carnes, açúcar, mel, sucos e óleo de soja. Para a CNI, a imposição unilateral de tarifas compromete décadas de confiança mútua e pode gerar um ciclo de retaliações que fragiliza o ambiente comercial internacional.

De acordo com o estudo Tarifaço – Panorama Nacional e Estadual, o impacto será sentido de forma desigual entre os estados. São Paulo, maior exportador nacional, poderá perder R$ 4,47 bilhões em valor adicionado. Na região Sul, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina podem acumular perdas conjuntas de quase R$ 6 bilhões, com efeitos diretos sobre a indústria de base, alimentos e equipamentos de transporte.

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“O Brasil e os EUA mantêm uma relação estratégica e histórica de mais de 200 anos. Esperamos que o diálogo diplomático prevaleça, para que não se perca o que foi construído com tanto esforço”, afirmou em nota o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Entre os setores mais afetados estão metalurgia, equipamentos industriais, petroquímicos e bens alimentares. A agroindústria também está no centro da crise: o açúcar bruto e o óleo de soja, por exemplo, que juntos somaram mais de US$ 2 bilhões em vendas aos EUA em 2024, foram incluídos na lista de produtos tarifados. O segmento de farinhas de carne e pescado, que havia acabado de ampliar sua presença no mercado asiático, também sofre impactos indiretos com a instabilidade global.

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Segundo a CNI, a elevação repentina de tarifas prejudica ainda o planejamento das empresas exportadoras e aumenta o custo final ao consumidor. “Medidas dessa natureza afetam não só o Brasil, mas toda a cadeia internacional, com alta nos preços, perda de competitividade e insegurança jurídica”, aponta o relatório.

Como resposta, entidades do setor produtivo e órgãos do governo defendem:

  • A manutenção de canais de diálogo diplomático com os EUA;
  • A diversificação de mercados internacionais;
  • A criação de linhas emergenciais de crédito para setores impactados;
  • O reforço aos programas de agregação de valor e defesa comercial;
  • E o engajamento do Brasil na OMC, em defesa do sistema multilateral baseado em regras.

O governo brasileiro reiterou que não aceitará pressões políticas ou econômicas que comprometam sua soberania, mas reforçou que permanece aberto ao diálogo. Em nota, o Palácio do Planalto afirmou que “a defesa da democracia, do equilíbrio nas relações internacionais e da livre iniciativa seguem como pilares da política externa brasileira”.

Com os efeitos do tarifaço já se alastrando pelos portos, usinas, indústrias e centros logísticos do país, a expectativa do setor produtivo é de uma solução rápida para evitar o agravamento da crise comercial com o principal parceiro do agronegócio e da indústria de transformação do Brasil.
Por: CNI