Ponte da Rota Bioceânica avança e projeta Porto Murtinho como novo polo logístico do Brasil

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Porto Murtinho (MS) – A construção da ponte binacional sobre o rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (Paraguai), atingiu 80% de execução e deve ser concluída até o primeiro semestre de 2026. A obra, orçada em R$ 575,5 milhões (US$ 93 milhões) e financiada pela Itaipu Binacional lado paraguaio, é considerada o principal elo da Rota Bioceânica, corredor rodoviário que encurtará em quase 10 mil quilômetros o trajeto de exportações brasileiras rumo ao Pacífico e aos mercados da Ásia.

Nesta quinta-feira (2), autoridades brasileiras e paraguaias visitaram os canteiros da ponte e as obras de acesso. A comitiva contou com o governador Eduardo Riedel, o presidente do Paraguai, Santiago Peña, além da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e lideranças locais.

Potencial econômico

O governador Riedel destacou que a ponte será um divisor de águas para a economia sul-mato-grossense e para o agronegócio nacional.

“A ponte binacional vai encurtar em mais de 9,7 mil quilômetros a rota marítima das exportações brasileiras, principalmente oriundas do Centro-Oeste e Sudeste para a Ásia. Isso significa menos tempo, menos custo logístico e mais competitividade para nossos produtos”, afirmou.

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Segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), apenas Mato Grosso do Sul exportou mais de US$ 7,4 bilhões em produtos agropecuários em 2024, com destaque para soja, carnes e celulose. Com a redução do tempo de viagem — de 12 a 17 dias a menos até a China — a expectativa é de que a Rota Bioceânica amplifique a presença do estado no mercado asiático.

O presidente paraguaio, Santiago Peña, reforçou o caráter estratégico do projeto.

“Este sonho está próximo de se tornar realidade. Brasileiros e paraguaios estarão ainda mais próximos com essa obra emblemática, que vai transformar a logística da região”, disse.

Obras complementares

No lado brasileiro, a construção do acesso entre a BR-267 e a ponte está orçada em R$ 472 milhões. O projeto inclui 13,1 km de alça rodoviária, um contorno em Porto Murtinho e a implantação do Centro Aduaneiro, responsável pelo controle da fronteira. O prazo de conclusão é de 26 meses.

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Já no Paraguai, a ligação da ponte à Rota Bioceânica terá 3,8 km de pavimentação, com investimento estimado em US$ 15 milhões.

Além da ponte, o Governo de Mato Grosso do Sul mantém investimentos de aproximadamente R$ 80 milhões em Porto Murtinho, em áreas de infraestrutura urbana, saúde e educação. Outro foco é a reativação da hidrovia do rio Paraguai, que deve atrair operadores logísticos e consolidar o município como hub intermodal.

Visita da comitiva do Brasil e do Paraguai

Impacto regional

O prefeito de Porto Murtinho, Nelson Cintra, ressaltou a transformação social trazida pela obra.

“Estamos falando de emprego, renda e desenvolvimento. Porto Murtinho se prepara para viver uma nova era de prosperidade, com oportunidades para toda a população”, disse.

A ministra Simone Tebet também destacou a dimensão integradora do projeto. “Somos um povo sul-americano. Brasil e Paraguai estarão mais unidos do que nunca. O sonho da Rota Bioceânica já é realidade”, afirmou.

De acordo com a Secretaria de Estado de Infraestrutura, mais de 400 trabalhadores atuam atualmente nos canteiros da ponte, que terá 680 metros de extensão. Quando concluída, a estrutura se tornará a principal porta de entrada do Brasil para a chamada “nova rota do Pacífico”, ligando os portos do Chile diretamente ao coração do agronegócio sul-americano.

Por: Henrique Theotônio
Fotos: Álvaro Rezende/Secom