
O Mato Grosso do Sul deu início oficialmente, nesta sexta-feira (3), à safra de soja 2025/2026 com a 14ª edição da Abertura Nacional do Plantio da Soja, realizada na Fazenda Recanto, em Sidrolândia. O evento, promovido pelo Projeto Soja Brasil – iniciativa da Aprosoja Brasil e do Canal Rural – reuniu cerca de 1,2 mil pessoas entre produtores, autoridades, lideranças do agro, pesquisadores e estudantes, e confirmou as projeções de uma safra recorde no Estado.
Segundo estimativas do SIGA-MS, a área plantada deve crescer 5,9%, chegando a 4,79 milhões de hectares, com produção estimada de 15,2 milhões de toneladas, avanço de 8,1% frente ao último ciclo. A produtividade média prevista é de 52,8 sacas por hectare, 2% acima da safra 2024/2025.


Sidrolândia no centro do mapa da soja
O presidente da Aprosoja/MS, Jorge Michel, destacou a força da agricultura no município anfitrião.
“Sidrolândia é um polo agrícola com quase 300 mil hectares de soja cultivados. O agro não é apenas um setor econômico, é parte da identidade nacional, responsável por movimentar a economia, gerar empregos, fortalecer exportações e garantir a segurança alimentar. Com muito orgulho, carregamos o Brasil nas costas e fazemos a diferença na balança comercial”, afirmou.
O prefeito e anfitrião do evento, Rodrigo Basso, que representou a família proprietária da Fazenda Recanto, reforçou a importância da cultura para o desenvolvimento.
“Não tem como não ser grato a essa cultura que trouxe tanto desenvolvimento pra gente. Estar aqui hoje é um exemplo do que a soja pode fazer pelas famílias, pelos produtores rurais, pelas regiões e pelo Brasil inteiro”, disse.
Desafios e cautela no campo
Apesar da projeção otimista, o presidente do Sindicato Rural de Sidrolândia, Paulo Stefanello, chamou atenção para o cenário econômico.
“Enfrentamos taxas de juros entre as maiores já praticadas, e a rentabilidade está muito justa. É um ano de baixa rentabilidade, o produtor precisa de cautela e de se precaver”, alertou.
O tema também foi reforçado em debate sobre gargalos da produção, com a presença da senadora Tereza Cristina (PP-MS) e do deputado federal Rodolfo Nogueira (PL-MS), que defenderam avanços em políticas públicas de crédito, seguro rural e securitização.
Protagonismo sul-mato-grossense
O vice-governador José Carlos Barbosa destacou o papel crescente do Estado no cenário nacional.
“Se em 1977 o Mato Grosso do Sul produzia cerca de 500 mil toneladas de grãos, apenas Sidrolândia colheu mais de 816 mil toneladas na última safra. Esse avanço mostra por que MS se consolidou como um dos estados que mais crescem na Federação”, afirmou.
Para o presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, a soja é símbolo da força do setor.
“Somos referência mundial em produtividade, sustentabilidade e inovação graças ao esforço de cada produtor, cada família que acredita na terra e faz dela o motor da economia nacional. Enfrentamos desafios climáticos, de mercado e de políticas, mas seguimos avançando como nunca. O futuro do país passa pelo campo”, disse.
Transição energética e biocombustíveis
A programação contou com o painel “Biocombustíveis – Economia verde e oportunidades para o produtor”, com participação do secretário em exercício da Semadesc, Artur Falcette, e do presidente da Ubrabio, Donizete Tokarski.
“O exemplo do etanol de milho é emblemático: hoje, mais de 20 milhões de metros cúbicos são produzidos no Brasil, sendo metade do milho, algo inexistente há cinco anos. Isso mostra a importância estratégica do tema”, destacou Falcette, defendendo segurança jurídica e maior presença do setor produtivo nos debates nacionais.
Tokarski, por sua vez, reforçou os ganhos ambientais e sociais.
“O biodiesel reduz a emissão de gases de efeito estufa e melhora a eficiência energética, além de trazer responsabilidade com o desenvolvimento regional”, afirmou.
União do setor
O presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, ressaltou a importância da articulação política.
“Sabemos onde está a dor do produtor rural e trabalhamos, junto com o IPA e a FPA, para avançar em soluções que deem mais competitividade e segurança ao setor”, disse.
Já o presidente do Canal Rural, Julio Cargnino, destacou o papel do Projeto Soja Brasil na aproximação entre produtores e sociedade.
“Esses momentos são fundamentais para mostrar ao Brasil o que acontece no campo, levar informação e fortalecer a sojicultura”, afirmou.

Expectativa de uma safra histórica
Com a união entre tecnologia, resiliência e protagonismo, Mato Grosso do Sul inicia a safra 2025/2026 como um dos estados mais estratégicos da agricultura brasileira.
A projeção de 15,2 milhões de toneladas de soja reforça o papel do Estado na segurança alimentar mundial e no fornecimento de matérias-primas para biocombustíveis, consolidando o agro sul-mato-grossense como motor da economia e vitrine de inovação.
Por: Henrique Theotônio e Amanda Coelho
Fotos: Divulgação Aprosoja – MS /Semadesc
